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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELHAJA DESPERDÍCIO.

Nos anos oitenta, época da construção da Usina Hidroelétrica de Tucuruí no Estado do Pará, a CAPEMI – Caixa de pecúlio, pensões e montepios venceu a concorrência para retirar a madeira da área a ser inundada pela barragem.

Alcançada em cheio pelo famoso “caso Capemi” a Agropecuária Capemi Indústria e Comércio Ltda não cumpriu o contrato e a floresta nativa foi coberta pelas águas da represa.

A desintegração ocorreu somente com folhas e galhos, os troncos continuam submersos e seu corte, somente com utilização da robótica, é inviável no ponto de vista financeiro.

Durante a construção da Usina Hidroelétrica do Estreito, na divisa dos Estados do Maranhão e Tocantins foi aberta concorrência para manejo da madeira na área inundável e vários consórcios entraram na disputa.

Entraves burocráticos e má vontade dos representantes dos órgãos envolvidos impediram a habilitação e a definição do consórcio vencedor. Novamente a vegetação foi coberta pelas águas represadas.

No Rio Xingu, na contestada obra da Usina Hidroelétrica de Belo Monte, na região Altamira no Estado do Pará o processo de remoção da floresta segue a mesma trilha burocrática e o final perceptível é o mesmo, ou seja, cobertura da mata pelo lago.

Esta riqueza jogada debaixo d’água poderia ser utilizada na construção civil (madeira nobre), na produção de carvão (galhadas) e com aplicação de tecnologia própria na confecção de MDF “Medium Density Fiberdoard” e de MDP – “Medium Density Particleboard” ou para outras finalidades gerando emprego e renda para as comunidades atingidas pelos empreendimentos.

Em outras represas construídas em nosso país pouco ou nada foi feito para evitar o desperdício, a burocracia e o pensamento ideológico geram prejuízos incalculáveis.

Os gases e os resíduos gerados pela matéria viva submersa alteram a coloração das águas e causam danos em equipamentos de geração de energia, assim como comprometem o nível de oxigênio necessário para os peixes.

Bom mesmo é a justificativa dos burocratas assentados nos órgãos que deveriam autorizar a remoção em tempo hábil. Afirmam eles: “Somos contra este tipo de matriz energética, não concordamos com a construção das represas. Portanto, autorizar o manejo seria legitimar um modelo que questionamos”. Assim sendo o desperdício continua, afinal somos um país rico.

Por: Ademar Rafael


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