É esse o governo que queremos?
Por tradição, a zero hora do dia 31 de dezembro de cada ano, o apagar das luzes e a queima de fogos de artifícios anuncia a chegada do “Ano Novo”. É quando paramos para uma avaliação do que ficou para trás e começamos a traçar metas para o ano que está chegando. Essa prática milenar é transportada de geração para geração e, inconscientemente, nos dá uma sensação de que o ano que se inicia será sempre melhor que o que se finda.
Na nossa humilde opinião 2015 fechou o ano sem deixar saudades para os brasileiros e acreditamos que até os mais otimistas concordam com o nosso posicionamento. Aqui neste espaço não foram poucas as críticas que tecemos ao governo central e sua equipe econômica, conforme pode ser atestado por nossos leitores mais assíduos. Ressalte-se que essas críticas estão sempre fundamentadas em dados que a imprensa nos fornece gratuitamente. É só conferir.
Na última crônica do ano (2015) fizemos um comentário sobre a troca de ministros na Fazenda (Nelson Barbosa por Joaquim Levy) e dissemos que se o ministro atual não trouxer uma nova matriz econômica para o país, continuaremos capengando e ampliando os números desastrosos a que chegamos. Não ter a humildade de reconhecer que o país está parado já é um péssimo caminho e a não procura de soluções para combate à atual crise econômica só podemos chamar de incompetência ou irresponsabilidade. E Nelson Barbosa sabe disso: trabalhar com medicação vencida implica em sacrificar cada vez mais o paciente.
Só para mostrar as cicatrizes que o apagar das luzes tentou esconder na virada do ano, vejamos alguns números que estão ao nosso alcance:
– Inflação 10,8%. Exceto 2012, foi maior taxa dos últimos 20 anos;
– Taxa de desemprego 7,6%. A maior dos últimos nove anos;
– PIB (-3,6%). Retroagindo a 1948, maior queda (exceto 1981 e 1990 (-4,3%);
– Taxa de juros 14,25%. A maior nos últimos nove anos.
– Contas do Governo. A pior performance nos últimos 19 anos. O Brasil perdeu a
confiança da comunidade internacional;
– Bolsa de Valores 43.350 pontos, a menor pontuação nos últimos anos;
– Dólar R$ 3,95. A maior desvalorização do real depois de 1994;
– Segurança, saúde, educação em decadência, com desvios de recursos em todos os
níveis;
– Corrupção generalizada, culminando com denúncias, indiciamentos e prisões de
políticos e empresários de destaque, CPI nos Fundos de Pensão e pedidos de
afastamentos do Presidente da Câmara e da Presidente da República;
– Desastre ecológico de proporções assustadoras como o que aconteceu recentemente.
Vamos parar por aqui, pois já temos motivos de sobra para indignação. Tomara que a irresponsabilidade desse governo que aí está, aliada a desmoralização instalada no Congresso Nacional sob o beneplácito das altas instituições que compõem o nosso Judiciário, tenham fornecido alguma munição que possa nos ajudar a refletir e fazer valer a nossa maior arma nas eleições municipais do ano que se inicia.
Danizete Siqueira de Lima – Janeiro de 2016.