Nos dias quatro a seis de janeiro de dois mil e dezesseis, São José do Egito, Estado de Pernambuco, rendeu homenagem aos poetas Lourival Batista e Zeto em festividade dedicada aos cento e um anos do sogro e sessenta anos do genro.
Zeto, que fez sucesso individualmente e no dueto com sua esposa Bia, filha de rei do trocadilho, o nosso Louro do Pajeú, se estivesse vivo teria completado sessenta anos dedicados à liberdade e a cultura. Sua vida e suas criações poéticas e musicais carregavam pesada carga do sentimento do povo sertanejo que escolheu para animar, honrar e defender.
Quem teve o privilégio de conviver com Zeto pode afirmar que conheceu um homem desprovido de vaidades e movido pela sensibilidade. Sua obra não se limita a música e a poesia foi também representada pelo seu jeito de ser e viver e pelos ideais libertários. Jamais foi domado por conceitos ou regimes controladores.
Lourival Batista Patriota em vida teria ultrapassado a marca dos cem anos. Seu legado além da extraordinária obra é lembrado por todos que tiveram a felicidade de conviver com o esposo de Dona Helena, pela sua capacidade de defender quem o procurasse.
Em 24/12/2015, na cidade de Afogados da Ingazeira – PE, o poeta Edezel Pereira, irmão do fabuloso João Paraibano, contou-se que certa vez Lourival deu-lhe apoio moral durante uma cantoria, levou-lhe até sua residência ofertando guarida e no dia seguinte indagou se estava precisando de dinheiro para chegar ao local do novo compromisso. Assim foi Lourival, amigo nas horas incertas e solidário como poucos.
O mote de Bia Marinho, defendido nos versos a seguir, representa um retrato três por quatro dos homenageados: “Vou tentar um trocadilho/Embora eu não faça igual/Mas vou lembrar Lourival/E Zeto aquele andarilho/Marinho, de Zeto, é filho/Mas de Lourival é neto/Genro de um sogro completo/Sogro de um genro de ouro/101 anos de louro/60 anos de Zeto”, da lavra de Dudu Morais e “Dois poetas engenhosos/Pernambucanos legítimos/Que em diferentes ritmos/Foram vates valorosos/Mil aplausos calorosos/Receberam como afeto/Sempre com público seleto/Com elegância e decoro/Cento e um anos de Louro/Sessenta anos de Zeto”, produzido por Gregório Filomeno de Menezes.
Na programação deste ano mais uma vez artistas e público produziram uma mistura rica de cultura que somente o céu egipciense é capaz de produzir. Os filhos e netos de Lourival e de Zeto que se apresentaram não repetiram a arte dos pais e avô, trouxeram uma arte com cara nova e brilho antigo. Talentos herdados e ampliados com traços contemporâneos.
O evento promovido pelo Instituto Lourival Batista, no início de cada ano está inserido na programação cultural da terra da poesia da mesma forma que estão a Festa dos Reis, do Padroeiro São José e Festa Universitária.
Nós, eternos amantes da poesia e da cultura do sertão, ficamos agradecidos e na espera do evento de 2017.
Por: Ademar Rafael