Diante de tanta corrupção e desgoverno, a nossa Pátria está se fartando de más notícias, todavia, a que ouvimos no início deste mês, deixa qualquer um estarrecido. Tomara que o fato não se concretize e que o interesse público possa prevalecer para evitarmos o que seria uma deformação na história da política brasileira. Ao que nos parece seria um retrocesso inadmissível e com prejuízos incalculáveis, se levarmos em conta os avanços tecnológicos.
A crise que estamos atravessando deixará muitas cicatrizes, mesmo assim, o contingenciamento que está sendo estudado para uma redução de R$ 10,7 bilhões no Orçamento da União, não pode – e nem deve – afetar a Justiça Eleitoral, onde se cogita um corte no valor de R$ 428.739.416,00. Segundo os ministros Dias Tofoli, presidente do TSE, e Ricardo Lewandowski, do STF, o corte previsto prejudicará a aquisição e manutenção de equipamentos necessários para a eleição municipal de 2016. O problema maior é a aquisição de urnas eletrônicas, com licitação em curso.
O buraco da crise e o que fica é assombroso: a possibilidade de voltarmos à idade da pedra em matéria eleitoral. E não há exagero na comparação, pelo menos depois de provarmos o sabor da tecnologia como um avanço extraordinário que nos permite saber os resultados das eleições poucas horas após o encerramento do horário de votação.
Como bem frisou um editorial do Jornal do Commércio, “voltar ao uso de cédulas eleitorais seria uma demonstração de que não vivemos uma crise conjuntural, mas estrutural, atingindo duramente as mais avançadas conquistas democráticas”.
Antes da urna eletrônica, cada eleição tinha uma história de suspeitas, fraudes, confrontos, recursos de anulações, porque tudo se prestava à esperteza, ao abuso econômico, aos mais brutais recursos para a ascensão ao poder, o que gerava um grande círculo vicioso, com políticos desprovidos de qualquer compromisso com a sociedade, utilizando recursos condenáveis para conseguir um mandato e, em lá chegando, ficarem desprovidos de qualquer
obrigação, pois o mais importante era a recuperação do que foi investido e o usufruto das benesses que somente o poder oferece.
Durante toda a semana, as redes sociais foram invadidas com muitas críticas, piadas ao governo e muito humor em relação às antigas cédulas eleitorais. Os internautas esbanjaram na criatividade mostrando o que iriam escrever nas novas cédulas, na hora da votação.
Como não existe uma fonte documental tipo DOU – Diário Oficial da União que tenha registrado como fato os procedimentos acima, esperamos que tudo não passe de uma piada de mau gosto para um assunto tão sério envolvendo um dos maiores avanços na história política do nosso País.
Danizete Siqueira de Lima – Dezembro de 2015.