Quanto custa manter um celular
Apesar de o Brasil ter uma das maiores participações de mercado do mundo quando o assunto é celular, o serviço ainda é considerado de baixa qualidade e caro. Em vez de apenas nos surpreendermos com os números, é importante entendermos que é preciso não só criticar, como trabalhar as dificuldades apontadas, e isso inclui diminuir preço e aumentar qualidade, para que um item que já se provou ser vital para a família brasileira passe a ter um menor peso em nosso orçamento.
A União Internacional das Telecomunicações (UIT) divulgou que o Brasil tem a cesta de serviços de telefonia móvel mais cara do mundo. As operadoras e a Anatel, no entanto, contestam. O relatório anual da UIT mostra que a cesta custa US$ 35,00, algo em torno de R$ 130,00, considerando tarifas de planos pré-pagos, 30 ligações, entre fixo e celular e 100 mensagens de texto por mês. O valor, segundo a UIT, está bem acima da média mundial, que orça em torno de R$ 45,00 (quarenta e cinco reais).
As operadoras, através do Sinditelebrasil, discordam do resultado e avaliam que a divulgação da UIT “não representa a realidade”, pois celular no Brasil é barato. O argumento é que a União não utiliza nos cálculos as tarifas promocionais, que barateiam o mercado local, segundo as operadoras. Pelos cálculos da Anatel, o valor efetivamente pago pelo minuto no País é de aproximadamente R$ 0,18 (dezoito centavos), ficando atrás apenas da China, Índia e Rússia.
O documento divulgado pela UIT mostra que o custo de uma ligação de celular no Brasil é superior a todos os países europeus e consome uma proporção maior da renda que em países como Cuba, Paquistão, Argélia ou Guiné Equatorial. De 166 países avaliados, apenas 47 tem um custo superior na ligação de celular ao que pagamos , entre eles Etiópia, Albânia, Ruanda e Madagascar. Os locais onde a ligação tem o menor custo são Macau, Hong Kong e Dinamarca.
O que pesa também na conta de celular no Brasil ( e é o ponto passivo, independentemente da pesquisa), é a carga tributária. O Sindetelebrasil calcula que o País tem a maior carga tributária entre 18 países pesquisados. Os tributos aqui representam 43% da receita líquida, quase o dobro do segundo colocado, que é a Argentina (26%) e 14 vezes maior que s da China (3%).
Os números são reveladores, mas ainda falta muito para o Brasil atingir uma massificação da mobilidade. A ampliação e a melhoria do serviço passam pela questão dos investimentos em infraestrutura e pela atualização da legislação. Na visão das empresas, um dos empecilhos é o licenciamento de antenas, que não tem acompanhado o mesmo ritmo de expansão do mercado, seja em função de legislações desatualizadas ou pela burocracia na liberação das instalações. Ao todo, são mais de 290 leis no Brasil, sobre o setor.
Na nossa visão, independentemente dos argumentos utilizados pelas empresas ou pela UIT, pense num servicinho caro e de péssima qualidade. E você o que acha de tudo isso?
Danizete Siqueira de Lima – Novembro de 2015