Responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça, o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, enviou ofício à Câmara dos Deputados (veja ao final desta reportagem) no qual afirma que não comparecerá no próximo dia 18 à sessão solene de entrega da medalha do mérito legislativo porque se sentiria “desconfortável” na presença de “parlamentares denunciados”.
Moro foi indicado pela liderança do PPS para receber a distinção, que será entregue aos homenageados pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos alvos das investigações do esquema de corrupção na Petrobras. No total, há 23 deputados investigados na Lava Jato, dos quais três já estão denunciados – além de Cunha, Arthur Lira (PP-AL) e Nelson Meurer (PP-PR). No Senado, há outros 12 investigados (um denunciado – Fernando Collor de Mello, do PTB-AL).
Conforme descrição do site da Câmara, a medalha é entregue anualmente a autoridades, personalidades e instituições que tenham prestado “serviços relevantes para o Brasil e o Poder Legislativo”.
Em ofício endereçado ao segundo-secretário da Câmara, deputado Felipe Bornier (PSD-RJ), responsável pela organização do evento, Moro diz ter uma “agenda atribulada” e destaca também que não quer gerar “constrangimentos desnecessários”.
“Devido à agenda atribulada e aos compromissos prementes relacionados à condução dos processos atinentes à assim denominada Operação Lava Jato, inclusive com acusados presos, informo que não tenho condições de comparecer à Câmara para receber a medalha na data sugerida”, diz Moro.
“Por outro lado, no presente momento, havendo parlamentares federais denunciados em decorrência da Operação Lava Jato, também não me sentiria confortável em receber o aludido prêmio, o que poderia ser mal interpretado ou gerar constrangimentos desnecessários”, complementou o juiz.
Moro encerra o ofício sugerindo que a entrega da medalha a ele seja adiada para um momento mais oportuno.
“Assim, se for possível, sugeriria que a premiação em relação à minha pessoa fosse postergada para um momento mais apropriado. Se não for possível, peço desde logo sinceras escusas à instituição.”
O juiz explica que, “diante de tão importante honraria”, não se sentiria confortável em mandar representante para receber a medalha.(G1.COM)