A medida do ter nunca enche. Esta frase, mais que corriqueira, vem desde os nossos antepassados e tem atravessado séculos sem tornar-se ultrapassada, principalmente, no meio político.
Sabemos das dificuldades que a Nação atravessa e os dados econômicos são mais que assustadores: inflação próxima de dois dígitos, queda na arrecadação com crescimento negativo, aumento da taxa de desemprego, disparada do dólar, escândalos e mais escândalos, baixa popularidade da nossa presidente, só para citar alguns. A equipe econômica, que em nada difere da anterior, não consegue arrumar as finanças e a sociedade fica a ver navios com tanto arrocho e aumento de carga tributária, como se não bastassem os aumentos que o governo nos impõe, em serviços essenciais, como energia elétrica, só para citar um exemplo.
A briga entre os poderes Executivo e Legislativo, também, tem sido uma barreira entre as negociações que a sociedade espera e torce para que deem certo. Um Congresso mais que atrapalhado com o Presidente da Câmara envolvido em todo tipo de falcatruas, mas insistindo em permanecer no cargo com o objetivo claro de fazer inflar o seu ego e avacalhar cada vez mais a nossa Constituição.
Apesar de toda essa problemática, no início deste mês, ao ser anunciada a mudança nos Ministérios com a pasta da saúde sendo entregue ao PMDB, o partido comemorou com festa e a euforia dos militantes era a de quem tinha descoberto uma “botija” ou ganho um prêmio acumulado de várias megas-sena. Os argumentos para a inusitada alegria ofendem qualquer pessoa decente, bem intencionada. No calor das vibrações, os caciques do partido sabiam que o Ministério recebido como presente de pai ara filho tem enorme visibilidade e detém o segundo maior orçamento da República.
Mas, como bem disse, Olbiano Silveira em matéria do Jornal do Commércio; Seria mais que razoável essa reação se estivéssemos em outro ponto geográfico do planeta”. Seria de esperar que o partido tivesse um belo projeto e gente preparada para melhorar a saúde do povo; uma estratégia para evitar que nossos irmãos morressem a toda hora nas intermináveis filas do SUS. Que o partido houvesse estudado uma fórmula para não faltar médicos, equipamentos, nem remédios nos hospitais públicos e nos centros de saúde e Upas do país inteiro.
No entanto, a razão única, confessada com exibicionismo, foi exatamente esta: o segundo maior orçamento do país. Quer dizer, vai ter dinheiro sobrando pra gente fazer a festa. Essa euforia me fez lembrar de um político pernambucano – atualmente fora de cena- que, numa fase da sua carreira quando pulou de um palanque para outro e lhe perguntaram se ia apoiar o seu rival, respondeu com a maior naturalidade: “ O poder é inebriante; o poder contagia”.
Danizete Siqueira de Lima – Outubro de 2015.