A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) encontraram indícios de pagamento de propina para dirigentes da Eletronuclear. Os pagamentos foram feitos pela Andrade Gutierrez e outras empreiteiras, que têm contratos com a subsidiária da Eletrobras, confirmaram as autoridades nesta terça-feira (28), em entrevista coletiva em Curitiba.
Segundo o MPF, a Odebrecht pagou vantagens indevidas ao presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, em contratos de 2009, por meio de empresas intermediárias. O procurador federal Athayde Ribeiro Costa disse que o dirigente recebeu R$ 4,5 milhões em propina.
Othon Luiz Pinheiro da Silva e o executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra foram presos no Rio de Janeiro na 16ª fase da Operação Lava Jato. Eles serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba.
As empresas ainda não se pronunciaram sobre as prisões, que são temporárias – têm prazo de cinco dias e vencem no sábado (1º).
A PF cumpriu ainda 23 mandados de busca e apreensão e cinco de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. A operação, batizada de “Radioatividade”, foi deflagrada nesta madrugada em Brasília, Rio de Janeiro, Niterói (RJ), São Paulo e Barueri (SP).
A Eletronuclear foi criada em 1997 para operar e construir usinas termonucleares e responde hoje pela geração de cerca de 3% da energia elétrica consumida no país.
Ainda de acordo com a PF, a formação de cartel, o prévio ajustamento de licitações nas obras de Angra 3 e o pagamento indevido de vantagens financeiras a empregados da estatal são os objetos de apuração da atual fase.
Angra 3 será a terceira usina nuclear do país e está em construção na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Ela terá potência de 1.405 megawatts (MW) e gerará energia suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte por um ano.