Uma gráfica presidida pelo motorista Vivaldo Dias da Silva, que em 2013 tinha o salário de R$ 1,4 mil, foi a oitava fornecedora que mais recebeu dinheiro da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). A Rede Seg Gráfica, de São Paulo, recebeu da campanha petista R$ 6,15 milhões. O detalhe é que a empresa não tem sequer um funcionário registrado. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Os valores pagos a empresa estão na prestação de contas do PT registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os funcionários do órgão que examinaram as contas da campanha petista descobriram a situação da gráfica ao cruzar as informações da empresa com o banco de dados do Ministério do Trabalho. A suspeita é que a gráfica não tinha estrutura para prestar os serviços que foram declarados pela remuneração.
De acordo com informações fornecidas pelo PT, a empresa presidida por Vivaldo Dias da Silva produziu folders para a campanha presidencial. A reportagem da Folha visitou a sede da gráfica ontem, em São Paulo. Um funcionário da empresa, identificado como Rogério Zanardo, que recebeu a reportagem, disse que a Rede Seg pertence a sua família e o motorista não é o dono, mas funcionário da empresa. O irmão de Rogério, no entanto, deu outra versão.
Segundo Rodrigo Zinardo, que se apresentou como gerente da gráfica, o motorista é mesmo o dono da empresa. A versão dele é que, além de motorista, Vivaldo exerce o comando da empresa, acumulando as duas funções. Rodrigo disse, ainda, que o motorista, ao abrir a empresa, pediu ajuda a ele para administrar a empresa, uma vez que os irmãos Zinardo são proprietários de outra gráfica, a Graftec.
Numa consulta, o TSE atestou que Vivaldo possui vínculo empregatício com a Graftec, além de outra empresa chamada Artetécnica Gravações. Mais tarde, o próprio Vivaldo chegou ao local e afirmou ser “sócio” e “motorista”. “Eu gosto de trabalhar, e é um rendimento a mais que tenho”, declarou.
As contas da campanha de reeleição da presidente foram aprovadas em dezembro, por unanimidade, pela Justiça Eleitoral, mas com ressalvas. A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República informou que “a campanha de Dilma Rousseff recebeu várias propostas de prestação de serviços e selecionou as empresas que apresentaram preços mais baixos”.