A sociedade tem presenciado invenções extraordinárias. Mudanças enormes têm acontecido na vida das pessoas todos os dias. Entretanto, os reflexos desse chamado “desenvolvimento” nem sempre são positivos. Por causa do cotidiano agitado de homens e mulheres, a indústria de produtos que possibilitam uma alimentação mais rápida cresce a todo o vapor, e, o que é pior, sem uma preocupação que deveria ser considerada básica: a segurança alimentar e nutricional das pessoas.
Um dos carros-chefes dos fast-foods (comida rápida) é o refrigerante. Uma bebida que tem sido consumida de forma exagerada, devido à correria do dia a dia, mas, especialmente, pelo estímulo de propagandas milionárias. Felicidade, prazer e até saúde são alguns dos benefícios atribuídos ao consumo desses produtos. É claro que nem essas campanhas, nem os próprios rótulos deixam claro para o consumidor que os refrigerantes são formados por diversas substâncias nocivas ao organismo, que podem causar sequelas e até levar à morte.
Levantamento realizado na Tufts University dos EUA mostra que 184,4 mil pessoas morrem, por ano, por conta do consumo de refrigerantes, energéticos, chás gelado e bebidas industrializadas à base de frutas. A pesquisa foi realizada em 51 países.
O mesmo relatório indica que 75% das mortes acontecem em países pobres e em desenvolvimento, e que a maior parte delas ocorre por conta do diabetes, das doenças cardiovasculares e do câncer.
Pernambuco não foge à regra geral e, nesse sentido, é possível observar esses produtos fazendo parte do cotidiano de famílias inteiras, especialmente as mais pobres. O preço, considerado, por alguns, acessível, tem levado a um consumo muito alto desse tipo de bebida.
A organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou, recentemente, por meio de Diretrizes, que o açúcar não represente mais 10% do consumo diário de energia de uma pessoa, sob o risco de causar problemas à saúde. Para a entidade, governos precisam restringir a publicidade infantil e elevar impostos sobre produtos ricos em açúcar, como refrigerantes e alimentos processados.
Essa é mais uma realidade que comprova a importância da Agricultura Familiar para a segurança alimentar e nutricional das populações do campo e da cidade. É importante destacar a necessidade de os governos investirem em assessoramento técnico para que o campo consiga produzir, cada vez mais, alimentos com qualidade e em quantidades suficientes.
Uma grave constatação é de que a maioria das prefeituras não tem estruturado secretarias de Agricultura, o que é uma contradição, pois a maior parte dos municípios tem suas economias de base rural.
O campo, com acesso a políticas adequadas, tem total condições de oferecer para as pessoas alimentos saudáveis, que contribuam para uma cultura alimentar que proporcione o verdadeiro bem-estar e qualidade de vida. Essa é uma luta diária da Fetape, há mais de 50 anos.
Por: Doriel Barros – Presidente da Fetape