O Jornal Nacional mostra um problema já bem conhecido dos brasileiros, mas que tem se agravado este ano. É a seca prolongada, que castiga os moradores do interior de Pernambuco. Quase 70% dos municípios do estado estão em situação de emergência. E o período de chuvas já passou em algumas áreas.
Um rio desapareceu. Ficou o leito do riacho que existe só na lembrança.
O sacrifício de buscar água longe de casa está de volta para muitas famílias. A dona de casa Maria José Pereira da Silva e a filha Josiane, de 15 anos, enfrentam meia hora de caminhada para garantir água para família.
JN: “Quantas pessoas vão usar esta água?”
Maria José: “Oito filhos, eu, o marido, uma neta… onze.”
JN: “Quantas viagens a senhora faz por dia?”
Maria José: “Nós dá 5, 6.”
Quando a água chega ao sítio, os animais correm para matar a sede. Para receber o caminhão-pipa, ela tem que pagar: “Tem que ter R$ 100 ou R$ 120 para comprar um caminhão-pipa para beber e cozinhar”, conta dona Maria José.
Dos 185 municípios de Pernambuco, 126, quase 70%, estão em situação de emergência por causa da estiagem severa.
O volume de água nos reservatórios do estado é crítico: eles acumulam apenas 15% da capacidade.
Na barragem de Ipaneminha, que abastece duas cidades e quatro povoados do agreste, o nível da água baixou mais de 10 metros. Não dá mais para captar e levar a água para as cidades.
Além de Alagoinha, outros 16 municípios do agreste e do Sertão de Pernambuco enfrentam o colapso no abastecimento. Mais de 370 mil pessoas estão sem água nas torneiras. Além de transformar a rotina dos moradores, esta longa estiagem levou uma novidade para as calçadas e para as ruas.
Tambores, bacias, baldes, panelas… Os moradores tentam armazenar a água de todo jeito. A rotina deles é esperar pelo caminhão-pipa, que só passa uma vez por mês em cada rua.
“Que é difícil é. Não só para a gente como para todo mundo”, diz uma mulher.
Em Alagoinha, já são dois anos e meio sem ter água nas torneiras. No Sertão, a época das chuvas já terminou e choveu apenas a metade da média histórica, completando quatro anos de escassez.
No Agreste, o período chuvoso começa agora e nunca foi tão esperado.
“Como é que a gente faz sem água? A gente não faz comida, não faz limpeza, a gente não tem vida. Água é vida, não é?”, comenta uma mulher.
A Companhia de Abastecimento de Água de Pernambuco declarou que vai aumentar o número de carros-pipa que atendem Alagoinha.