O panelaço em várias capitais do país nesta terça-feira durante a exibição do programa do PT mostra que também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve sua imagem atingida pelo desgaste do governo e do partido.
Até aqui, os petistas gostavam de dizer que, se a presidente Dilma enfrentava problemas no governo, o partido mantinha o “Pelé no banco”, ou seja, o maior craque para entrar em campo quando fosse necessário. E este momento, então, seria 2018.
Essa exposição de Lula no programa chegou a ser questionada por alguns petistas. A avaliação desse grupo é que, ao se apresentar como a principal estrela do programa (além dele, só o presidente Rui Falcão apareceu nos dez minutos de programa), Lula chamou para si as críticas, e o resultado foi o panelaço em todas as regiões do país. Resumo: do desgaste, nem Lula escapou.
Dilma não quis gravar participação no programa eleitoral do PT e assim mostrou que o problema não é só ela, mas também o partido e seu principal líder, o ex-presidente Lula. No entanto, pelo tom do programa, seria mesmo difícil encaixar um discurso para a presidente diante do tom crítico até mesmo a iniciativas do governo, como o ajuste fiscal. “Em defesa dos direitos trabalhistas”, dizia um dos cartazes, mesmo discurso de alguns deputados petistas que se recusam a votar as medidas provisórias do ajuste fiscal, sob a alegação de que ferem direitos trabalhistas conquistados.
Para que ninguém diga que Dilma não apareceu no programa, nos últimos minutos ela surge numa janela ao lado de mulheres – uma cena que foi usada durante a campanha, sugerindo inauguração de projetos do programa Minha Casa, Minha Vida. Mas, de fato, é a principal ausência do programa. Vale observar, ainda, que nenhum deputado ou senador falou ou apareceu no programa petista.
Rui Falcão entrou para dizer que os petistas que “cometerem malfeitos não ficarão no partido”, e coube ao apresentador cravar: “Você viu, né? Quem cometer malfeitos, depois de julgado e condenado, será expulso do partido”. (Cristiane Lôbo)