Esta é a nossa primeira matéria após o feliz regresso à querida Afogados. Foram dez anos de ausência, mas o tempo não foi capaz de desfazer o vínculo afetivo que mantemos com essa cidade.
A crônica de hoje surgiu de uma cena inusitada que aconteceu no último final de semana. É que na sexta feira (10), fui até a CIRETRAN local fazer a transferência de um veículo e, como tinha que passar na casa da minha genitora para lhe dar um abraço, resolvi ir pelo trevo que dá acesso ao distrito de Ibitiranga. Antes de chegar à curva que volta para a cidade, uma construção me chamou a atenção por dois motivos: sua localização e o estado de abandono.
Desliguei o carro e fiquei a me perguntar por que se brinca tanto com o dinheiro público e qual o motivo do descaso por aquela obra. No dia seguinte, ainda encucado, cheguei à feira livre e, propositalmente, abri uma discussão com quatro ou cinco transeuntes na feira de animais.
Perguntei ao primeiro:
– Que construção é aquela que margeava a pista que vai de Afogados à Carnaíba?
– E ele me respondeu: é um curral.
– Um curral?
– Sim Sr. Danizete, um curral.
– Mas para que serve aquele curral?
– Para que serve não sabemos, mas que é um curral é.
– E por que construíram naquele local? – perguntei me virando para o segundo senhor.
– Foi um estudo que fizeram. Dizem que a prefeitura mandou uma equipe até o Estado de Minas Gerais para pegar o modelo, que não custou nada barato. Somente com despesas de diárias foi gasto algo em torno de R$ 90.000,00 (noventa mil reais).
– Mas que modelo? – perguntei.
– O modelo do curral. Não vê que ele é diferente?
– Realmente – concordei. E por aqui ninguém tinha condições de fazer esse curral?
Um terceiro me respondeu:
– Tinha, mas talvez ficasse bem mais caro.
Continuei sem entender muita coisa, porém, para não prolongar a conversa, ainda perguntei:
– E quando ele vai ser inaugurado?
O primeiro senhor tomou a palavra e disse:
– Já foi inaugurado duas ou três vezes. E o senhor não tenha a menor dúvida: é um curral muito bem feito, foi projetado por quem entende do assunto e um dia nós vamos saber a utilidade dele. Por enquanto ainda é um grande mistério. Confesso que conversei com estes senhores por cerca de 30 minutos e continuo com a mesma dúvida. Afinal, para que diabos serve aquele curral?
Por: Danizete Siqueira de Lima
Abril de 2015.