O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta quarta-feira (18) em entrevista ao jornalista Roberto D’Avila na GloboNews que uma reforma ministerial é cogitada no governo.
Temer disse que tem conversado sobre o assunto com a presidente Dilma Rousseff, mas ressalvou que uma eventual reforma “não vai responder aos anseios da população”.
“Ela [a reforma ministerial] pode vir como, digamos assim, um efeito administrativo. Agora, dizer que uma reforma ministerial vai responder aos anseios da população, não me parece que seja assim”, declarou Temer.
A entrevista com Temer foi gravada antes do pedido de demissão do ministro da Educação, Cid Gomes, o que, segundo informou o Blog do Camarotti, pode precipitar uma reforma ministerial.
Na entrevista, Temer também foi questionado sobre como governar com 39 ministérios e 32 partidos. Ele disse que “fica difícil” e que “de vez em quando” o governo pensa em juntar algumas pastas.
“Fica difícil, fica difícil [governar]. No tocante aos ministérios, eu tenho ouvido muitos argumentos. Um deles é o da presidente. Por exemplo, os aeroportos: melhoraram muito no país, assim como a possibilidade dos portos privados estar se dando porque criaram-se ministérios, secretarias especiais. Agora, de vez em quando, o governo imagina que certos ministérios possam ser acoplados a outros, de maneira a diminuir o número de ministérios”, disse.
Para o presidente, reduzir o número de pastas, no entanto, não significa necessariamente cortar gastos. “Isso vem a diminuir os gastos ministeriais? Não me parece, porque você precisa de gastos para portos, aeroportos, atividades voltadas para o negros, para a mulher.”
‘Rebelião contra a classe política’
O vice-presidente também declarou na entrevista que as pesquisas recentes que mostram o baixo índice de aprovação pela população do Executivo e do Legislativo refletem uma “rebelião” contra a “classe política”. Temer, no entanto, disse considerar que essa “queixa popular” é útil e que é preciso melhorar as relações com o povo.
“É uma rebelião, digamos assim, contra a classe política. Você pode me perguntar: mas isso é útil ou é inútil? Eu acho que é útil. Quando há uma queixa popular, você precisa verificar o que está acontecendo para melhorar as relações do poder institucional com a principal instituição do estado que é o povo”, declarou Temer.
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta aponta que o governo da presidente Dilma Rousseff é avaliado positivamente por 13% dos entrevistados, valor mais mais baixo desde o início do primeiro mandato, em janeiro de 2011. Já o índice de eleitores que avaliaram o governo da petista como “ruim” ou “péssimo” é de 62%.
Em relação ao Congresso, o levantamento aponta o desempenho de senadores e deputados é avaliado positivamente por 9% dos entrevistados. Outros 50% acreditam que a atuação dos parlamentares é “ruim” ou “péssima”.
Temer comentou ainda a aprovação, nesta terça-feira (17) pelo Congresso, do Orçamento 2015 com a verba destinada ao Fundo Partidária triplicada na comparação com o proposta original do Executivo. Em vez dos R$ 289 milhões previstos inicialmente, o valor definido para o fundo ficou em R$ 867 milhões.
“É um pouco o custo da democracia. A ideia de partido político é ter organismos que sejam canal do povo com o poder. O ideal seria que nada custasse, mas é o custo da democracia”, disse.