Uma data histórica – 15/03/2015
Há exatos dez dias o Brasil se pintou de verde e amarelo e o povo – de forma pacífica – foi às ruas levar o seu recado ao governo federal. Após as passeatas surge a briga numérica em relação a quantidade de manifestantes: a polícia militar faz um cálculo, a imprensa faz outro e a militância do PT usa de todos os artifícios possíveis para maquiar esses números passando uma falsa impressão de que tudo está dentro da normalidade. E não está.
Fazendo uma leitura correta do movimento, fica bastante claro que uma boa parcela da população de 50 cidades e capitais, aproximadamente, está insatisfeita com o quadro que se desenha e não seria exagero afirmarmos que paira um sentimento de revolta por parte de muitos que ali foram levar a sua indignação.
Diferentemente do alardeado por marqueteiros na campanha eleitoral, a situação do país é grave e requer medidas efetivas. Não há o menor sentido em o governo querer fazer vista grossa ou subestimar as manifestações. Mal assumiu o segundo mandato, a presidente Dilma tomou providências necessárias mas antipopulares. O aumento das tarifas administradas pelo Estado pegou pesado no bolso dos brasileiros. Luz, água e combustível sacrificaram o já encolhido orçamento doméstico pela elevação do preço de bens e serviços, sobretudo o dos alimentos.
Enquanto a inflação galopa devorando parte significativa da remuneração dos trabalhadores, que precisam apertar cada vez mais o cinto, eles assistem aos escândalos escabrosos da operação Lava Jato, que desvenda um mega esquema de corrupção que não sabemos até onde vai nem podemos mensurar o tamanho do rombo provocado na nossa querida Petrobrás. Os depoimentos de ex-dirigentes que se dispuseram a fazer a delação premiada assustam não só pelo profissionalismo do descaminho, mas, sobretudo, pelas cifras envolvidas.
Diferentemente de 2013, quando milhares de pessoas saíram de casa para fazer reivindicações difusas, no domingo elas tinham objetivo claro, ou seja, a volta às ruas teve o firme propósito de protestar contra os desmandos e abrir os olhos do governo. O recado da presidente Dilma, logo após as manifestações, falando de reforma política não é o que o povo queria escutar. A reforma é um sonho antigo, é importante e precisa ser feita para aperfeiçoamento do processo eleitoral. Contudo, isso é assunto para um outro momento.
O que o governo está precisando é baixar a bola e ter humildade para dialogar com o congresso, aprovando as medidas que o País precisa para sair do atoleiro dando uma resposta plausível à população. Resposta esta que venha a acalmar os ânimos e devolver um pouco de credibilidade a nossa Pátria que clama por justiça e sonha com dias melhores. Chega de falácias e discursos ultrapassados que não nos levam a lugar nenhum.
Danizete Siqueira de Lima
Recife (PE) – março de 2015.