O índice divulgado em recente pesquisa do DataFolha – recorde em 26 anos de levantamento – é muito preocupante, se levarmos em conta que 71% dos entrevistados rejeitam os partidos políticos brasileiros. Dita de outra forma, a taxa mostra de maneira crítica a realidade perturbadora: em cada 10 brasileiros, sete repelem o sistema representativo. Recusam “tudo o que está aí”, como diziam faixas exibidas pelos manifestantes há um ano e meio.
Outro dado curioso é a queda observada em apenas dois meses. Em dezembro a pesquisa apontava seis insatisfeitos em cada dez. O movimento descendente experimentou considerável aceleração em junho de 2013, quando saltou de 55% para 64%. Na ocasião, levas de manifestantes tomaram as ruas das principais cidades brasileiras protestando contra a corrupção, os nossos representantes, os aumentos nas tarifas de ônibus e a má qualidade dos serviços públicos.
Agora, a caída foi silenciosa e abrangente, conforme matéria veiculada na imprensa, atingindo a maior parte dos partidos sem beneficiar nenhum em particular, ou seja, não houve migração de uma sigla para outra. O PT marcou retração de 22% para 12% na preferência do eleitorado. O PSDB, principal opositor, caiu de 7% para 5%. Os números deixam claro o desalento da população, que não acredita na política como caminho para solução de problemas.
Aliado às crises na saúde, educação, segurança e mobilidade urbana, o quadro desalentador se reflete no humor nacional. O esquema de corrupção bilionário da Petrobras, desvendado pela operação Lava-Jato da Polícia Federal, veio contribuir – e muito – para aumentar o descrédito generalizado.
A matéria foi bastante feliz quando fez alusão a Confúcio pelo que disse há 2.500 anos: “o líder precisa de exército para defender as fronteiras, comida para alimentar o povo e a fé da população. Se tivesse de abdicar de um, seria o exército. De dois, adicionaria a comida. Porque, sem o crédito dos governados, não há governo que se sustente”.
Reforçando o que dissemos no início: os dados são preocupantes e o pior é o pessimismo mostrado em relação ao futuro do país e dos seus cidadãos. Se não houver uma melhor condução nas rédeas dessa carruagem, a tendência é que a vaca vá pro brejo com chocalho e tudo.
Danizete Siqueira de Lima.
Recife – PE – março de 2015.