O noticiário do Estado pegou de surpresa no bom sentido, a comunidade de Salgueiro, no Sertão Central, com os dados recentes do Pacto Pela Vida, do Governo do Estado, ao apontar uma taxa de homicídios dentro dos padrões estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. A reportagem foi publicada no Jornal do Commercio e ganhou repercussão em rádios, portais, blogs e redes sociais de toda região. O JC destacou que o município foi no passado, símbolo do tráfico de drogas por questão geográfica e pelo fato de estar próxima da área produtora – a região do São Francisco.
Segundo a reportagem, a Organização Mundial da Saúde (OMS), agência subordinada à ONU, classifica como tolerável uma taxa de homicídios de até dez vítimas por cada grupo de 100 mil habitantes. “Acima do índice, a violência passa a ser considerada endêmica no local. Com quase 60 mil moradores, Salgueiro fechou o ano passado com o registro de sete assassinatos, quatro na área urbana e outros três na zona rural, e uma taxa de 10,2”, aponta o jornal.
Salgueiro também é sede da Área Integrada de Segurança (AIS) com a menor taxa de homicídio de Pernambuco. Para efeito estatístico, o Estado foi dividido em 26 áreas. Formada ainda por outras seis cidades (Mirandiba, Cedro, Verdejante, Serrita, Terra Nova e Parnamirim), a AIS-23 registrou em 2014 a taxa de 11,8. Em 2007, início do Pacto pela Vida, programa de combate à criminalidade cujo principal objetivo é reduzir a ocorrência de assassinatos, a taxa era de 17/100 mil habitantes.
De lá para cá, destaca ainda o texto, Salgueiro experimentou um crescimento econômico, impulsionado pelas vagas de emprego formal, geradas pelas obras da Transposição do São Francisco e da Transnordestina. No auge, foram cerca de oito mil operários em ação e toda uma cadeia direta e indireta de serviços. Atualmente, os canteiros de obra estão desocupados e os trabalhadores, desmobilizados. Mas, como o município não atravessou desarranjo social comum aos centros econômicos, a taxa de homicídio conseguiu ser reduzida em 30%.”
Quem vive em Salgueiro e assistiu ao aquecimento da economia local acredita que o fato dos moradores terem sido capacitados e depois empregados nas obras foi fundamental para fazer a cidade crescer sem que a violência acompanhasse a prosperidade.
“Muitos que eram garçons, frentistas ou motoboys foram treinados para aprender a operar máquinas pesadas. Passaram a ter qualificação e carteira assinada, sem precisar se deslocar e ficar longe das famílias. Alguns depois foram convidados para trabalhar em outros locais e seguiram com a Odebrecht (construtora responsável pelas obras e hoje no epicentro da Operação Lava Jato) para outros locais”, relembra Claudney Santos. Ele voltou a ser garçom após o fim das obras, onde trabalhava como operário. Entre 2007 e 2008, o PIB de Salgueiro saltou de R$ 236 milhões para R$ 290 milhões. Em 2010, como consequência direta do aquecimento da economia local, o município registrou um crescimento de 350% na arrecadação do ISS (imposto cobrado sobre serviços).
Em março, o Pacto Pela Vida completa oito anos. Criado pelo ex-governador Eduardo Campos, por meio da Assessoria Especial para a Segurança Pública e da encomenda de um diagnóstico sobre violência em Pernambuco, com a participação de 16 câmaras temáticas, formada por integrantes dos três poderes e de entidades da sociedade civil organizada, à época do lançamento, o ex-governador anunciou o deslocamento de 177 policiais militares e 28 viaturas para as Áreas Integradas de Segurança do Cabo e de Jaboatão e publicou decreto colocando o sistema prisional em estado de emergência.
O prefeito de Salgueiro Marcones Libório de Sá comemora o resultado. “A gente fica muito feliz com os dados que estão sendo veiculados. É sinal de que o nosso trabalho vem tendo resultados positivos, afinal é um resultado de uma grande caminhada dos poderes públicos e da sociedade, que vem criando o espirito de paz. Parabenizo a todos que juntos trabalharam e trabalha pelo “Pacto pela vida”, ressaltou o prefeito.