O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, que recebeu US$ 31,5 milhões em propina da Odebrecht, uma das construtoras investigadas na Operação Lava Jato. Em nota, a empresa negou as acusações e disse ser alvo de “calúnia”.
As declarações de Costa foram dadas à Polícia Federal no dia 4 de setembro de 2014 e anexadas aos processos da Lava Jato nesta quinta-feira (12). Segundo o ex-diretor da Petrobras, o dinheiro pago pela construtora era depositado em contas na Suíça pelo operador Bernardo Freiburghaus, dono da Diagonal Investimentos.
Conforme Costa, os US$ 31,5 milhões foram depositados entre os anos de 2012 e 2013 em quatro momentos diferentes. Ele disse ainda que o dinheiro foi enviado pela construtora para quatro contas correntes distintas em nome de empresas criadas por ele.
Um dos delatores da Lava Jato, Paulo Roberto Costa detalhou aos policiais federais que o pagamento da propina por parte da empreiteira foi sugerida, “entre 2008 e 2009”, por Rogério Araújo, então diretor de Engenharia da Odebrecht. Na conversa, Araújo teria dito que o ex-dirigente da Petrobras era “muito tolo” por “ajudar mais aos outros que a si mesmo”, referindo-se à fatia do suborno que Costa repassava ao PP.
“Em relação aos políticos que você [Paulo Roberto Costa] ajuda, a hora que você precisar de algum deles eles vão te virar as costas”, teria dito o diretor da construtora, conforme relato de Costa à PF.
O ex-dirigente da petroleira, que está preso em regime domiciliar no Rio de Janeiro, disse que, então, o diretor da Odebrecht o apresentou a Bernardo Freiburghaus, que seria responsável por efetuar o pagamento da propina no país europeu.
No depoimento, Paulo Roberto Costa afirmou que se reunia a cada dois meses com Freiburghaus e que os depósitos nas contas bancárias da Suíça ocorriam a cada “dois ou três meses”.
Por meio de comunicado, a Odebrecht negou ter feito “qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer político, executivo ou ex-executivo da estatal”.
Costa destacou que o dinheiro que recebeu da Odebrecht como propina teve origem em contratos firmados entre a Petrobras e a construtora, entre os quais o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a Refinaria Abreu e Lima.