A Igreja e a Campanha da Fraternidade.
Estamos em plena Quaresma, e por tratar-se de um tema que interessa a maioria, pegamos um gancho no editorial que circulou no Diário de Pernambuco de 12 do corrente, para falarmos sobre um assunto que diz respeito à Campanha da Fraternidade.
O Carnaval nem havia começado oficialmente e a Igreja Católica, como vem fazendo nos últimos 50 anos, já se preparava para o pós festejo de momo. Na quarta feira de Cinzas, enquanto os foliões curavam a ressaca, a instituição, em parceria com outras denominações religiosas, batiam na tecla de que os cristãos devem ficar de olho e se envolverem nos problemas sociais.
É louvável a atitude da Igreja quando diz no material da (CF) Campanha da Fraternidade que a participação dos cidadãos e as cobranças desses, exigidas de maneira organizada e sistemática, são imprescindíveis para as mudanças no país. Nos indicativos de serviços, a CF aponta para o trabalho em favor da construção de uma cultura de paz, da participação em conselhos paritários – inclua-se aí os de saúde, educação, transporte público, direito dos idosos – e da defesa da reforma política.
Os rumos indicados pela CF, se repararmos o passado recente, são para a implantação do financiamento democrático das campanhas políticas, por exemplo. É o financiamento público de campanhas. Tais posições, caso o leitor olhe a história dos anos 1970 e 1980, verá não ser novidade na trajetória da Igreja.
Na época, como agora, perante os gestos e os posicionamentos do papa Francisco, o acesso dos pobres aos serviços públicos e a democratização das práticas são encaradas como forma de servir. E não seria diferente com os ilustres deputados federais, neste momento mais preocupados em carimbar verbas públicas com seus nomes.
Pois bem, católicos e “escolhidos” pelo voto deveriam fazer valer- sem maquiagem – o lema escrito no cartaz da Campanha da Fraternidade: “Eu vim para servir”.
O chamamento está sendo feito e a escolha é nossa. A Igreja se posiciona na campanha, faz o alerta à sociedade como um todo e fica aguardando a colheita dos frutos. A nós, pobres mortais, só resta abraçar a causa, arregaçar as mangas e cair na luta; caso contrário, não contabilizaremos qualquer vitória.
Danizete Siqueira de Lima
Recife – PE – fevereiro de 2015.