Já se sabia que a presidente Dilma Rousseff, em campanha pela reeleição, tinha varrido para debaixo do tapete a verdade sobre o resultado das trapalhadas que o seu governo aprontou em 2014 com o dinheiro arrecadado da sociedade. Mas nem os analistas mais pessimistas imaginavam qual era o tamanho do rombo. Só na semana retrasada foi conhecido o balanço fiscal de 2014: um desastre.
Mesmo depois de todos os truques contábeis e de adiar para 2015 pagamentos que somam R$ 226 bilhões, o governo central fez muito pior do que deixar de cumprir o compromisso de gerar o superávit primário de R$ 99 bilhões prometido no início do ano. Os números oficiais revelam o quanto Dilma e a equipe do então ministro da fazenda, Guido Mantega, prejudicaram o país por colocarem o calendário eleitoral acima da lei e da responsabilidade que se espera dos governantes eleitos pelo povo.
A desculpa de que a receita tributária ficou aquém do esperado não convence. Afinal, a economia vinha desacelerando há mais tempo e qualquer administrador medianamente responsável teria tomado a mais prosaica das providências nesses casos: conter despesas. Mas, como nada foi feito para frear os gastos, a maldita herança continuará produzindo os frutos do descaso.
Exemplos de como a economia anda fragilizada é o que não faltam: a imprensa que é e tem que ser a foto do abismo de um país falido aponta para “crescimento” de 0,03% (vide projeções atualizadas de mais de 100 agentes de mercado, via relatório Focus), e inflação a 7,01% este ano.
Somem-se a essas duas mazelas juros de mais de 12% ao ano, indústria demitindo de Norte a Sul, inclusive o protegido automobilismo, dívida pública de R$ 2 trilhões e 300 bilhões, rombo de 32 bilhões (maior da história).Tudo isso sem considerar potenciais impactos adicionais partindo da caixa preta da Petrobras, do racionamento de energia e da crise hídrica.
Ou seja: temos apagão de luz, de água, da saúde, da segurança, da educação e da memória do nosso eleitorado. Mas o pior de todos os apagões é o apagão do governo Dilma que foi eleita pelo povo na base da mais sórdida violência oficial e da mais deslavada corrupção, mas foi votada, escolhida, ganhou.
E ficando com ela a vitória, sobrou para a sociedade o ônus da irresponsabilidade e da incompetência, aliado à grata certeza de que nada é tão ruim que não possa piorar.
Danizete Siqueira de Lima
Recife-PE – fevereiro de 2015.