O Ministério das Relações Exteriores da Indonésia chamou de volta ao país nesta sexta-feira (20) o embaixador no Brasil, Toto Riyanto, após a presidente Dilma Rousseff decidir adiar o recebimento das credenciais do diplomata. Em nota, o órgão informou ainda ter convocado para uma reunião o embaixador brasileiro em Jacarta, Paulo Soares.
Em janeiro, a execução do brasileiro Marco Archer por tráfico de drogas pelo governo indonésio gerou um mal-estar diplomático entre Brasília e Jacarta. O governo chegou a pedir clemência para Archer, mas não foi atendido. Outro brasileiro, Rodrigo Gularte, também foi condenado e deve ser fuzilado.
“O governo da Indonésia chamou de volta para casa, em Jakarta, o embaixador da Indonésia designado para o Brasil até o tempo determinado pelo governo do Brasil para a apresentação de suas credenciais.”, informou.
O recebimento das credenciais dos embaixadores pelo presidente da República é uma formalidade que marca oficialmente o começo das atividades dos diplomatas. Na prática, com o ato, o presidente passa a reconhecer que o embaixador representa o Estado no Brasil.
Segundo a presidente Dilma, o governo brasileiro decidiu “atrasar” o recebimento da documentação do embaixador. Ela destacou que, antes de autorizar a atuação do diplomata, quer ter clareza sobre a situação das relações diplomáticas entre as duas nações.
“Achamos importante que haja uma evolução na situação para que a gente tenha clareza em que condições estão as relações da Indonésia com o Brasil. Na verdade, o que fizemos foi atrasar um pouco o recebimento de credenciais, nada mais que isso”, disse a presidente.
Segundo o G1 apurou, o diplomata indonésio chegou a ir na manhã desta sexta ao Palácio do Planalto para participar da cerimônia. Porém, antes do início evento, ele foi chamado para uma conversa reservada e avisado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, da decisão da presidente Dilma de adiar o recebimento das credenciais.
Na avaliação do Ministério das Relações Exteriores da Indonésia, o ato do governo brasileiro foi “hostil” e “abrupto”. Em nota, o órgão informou ter apresentado ao embaixador Paulo Soares “nota formal de protesto”. O ministério também informou considerar “inaceitável” a forma como o governo brasileiro adiou a apresentação das credenciais do embaixador indonésio.
“O ministro das Relações Estrangeiras convocou o embaixador brasileiro na Indonésia neste dia 20 de fevereiro de 2015, às 22h, para transmitir o mais forte possível os protestos para a hostil ação do governo do Brasil [de não receber as credenciais] e apresentou uma nota formal de protesto”, completou.