Ao ser empossado no cargo, durante cerimônia realizada na Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (1º/1), o governador Paulo Câmara classificou que a parte mais importante da sua missão será avançar a partir da base sólida construída nos últimos oito anos pelo ex-governador Eduardo Campos, bem como de seu substituto, João Lyra Neto. A memória do amigo e líder político, falecido em um acidente de avião em agosto passado, foi ressaltada com emoção pelo socialista e reforçou seu compromisso com o que chamou de “segunda etapa” do projeto da Frente Popular. “‘Não vamos desistir do Brasil’ foi a última frase que Eduardo Campos nos deixou. ‘Não vamos desistir de Pernambuco’ – é a minha convocação. Com o amor do povo e a fé em Deus, será possível superar toda a dor e construir o novo tempo de um tempo novo que a saudade nos deixou”, afirmou.
O governador revelou aos presentes, que lotavam o plenário da Casa de Joaquim Nabuco, que 2014 foi o ano mais intenso de sua vida. “Experimentei, a um só tempo, a contradição extrema da morte inesperada e a responsabilidade em conduzir a vida de uma esperança tão bem plantada entre nós. Quando tudo parecia chegar ao fim, eu descobri pelas estradas de Pernambuco, nas ruas e praças do nosso Estado, a força indestrutível da nossa gente guerreira”, lembrou Câmara. Na plateia, o ex-governador estava representado por sua viúva, Renata Campos, e os filhos.
Segundo o governante, foi por reconhecerem as conquistas destes oito anos que os pernambucanos escolheram os candidatos que, como ele, tinham o apoio de Eduardo para continuar o seu trabalho à frente da administração estadual. “Governaremos com diálogo, transparência, coesão política, equilíbrio fiscal dinâmico, eficiência e agilidade; com visão integrada dos problemas e de suas soluções. Trabalharemos com o olhar voltado para os que mais necessitam dos serviços públicos, que são a grande maioria da população”, comprometeu-se o socialista.
Pernambuco, avaliou Paulo Câmara em seu discurso, situa-se hoje em um novo contexto. “Estamos consolidando a primeira fase de atração de grandes empreendimentos estruturadores nas áreas petroquímica, automobilística e naval, que redefiniram a economia estadual. E se inicia outra etapa, em que se vai colher os frutos desse grande esforço coletivo inicial e, com os recursos gerados, priorizar novas escolhas”, previu, afirmando que o planejamento de longo prazo também será um compromisso de sua gestão, “sem descuidar da realidade que todos os dias bate à nossa porta”.
Câmara garantiu seu empenho para ajudar o País a evitar a recessão e combater a inflação, ressaltando, ainda a necessidade de união entre os estados nordestinos para que a região siga avançando e superando problemas históricos. Ele agradeceu a todos que o acompanharam em sua caminhada, aos companheiros da disputa eleitoral – o vice-governador Raul Henry e o senador Fernando Bezerra Coelho -, à esposa Ana Luíza e as filhas Clara e Helena. Também lembrou referências pessoais que já se foram, como o ex-governador Miguel Arraes, o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna e o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Fernando Correia.
Empenho para ajudar a combater a inflação: “Como defendeu o Governador Eduardo Campos, é necessário fundar um pacto político, econômico e social que nos permita vencer a crise e buscar novos caminhos. Os brasileiros consensualizaram pactos para derrotar o regime autoritário; extinguir a hiperinflação e estabilizar a moeda. A melhor distribuição da riqueza entre os mais pobres igualmente decorreu de um pacto. Contudo, agora a Nação reivindica mais do que equilíbrio econômico e uma divisão de renda justa. A nova agenda destaca, desde já, o aprofundamento das relações democráticas; a transparência das contas públicas; o desenvolvimento sustentável; massivos investimentos na saúde, educação, inovação e cultura e um novo urbanismo, voltado para o renascimento das grandes e médias cidades, com destaque para a mobilidade e o combate à violência. São pontos que terão prioridade na nossa administração, juntamente com uma política de desenvolvimento social inclusiva e que chegue a todos os pernambucanos”.
A forma de realizar isso, segundo Paulo, é um amplo pacto político, econômico e social. “A realização desses grandes objetivos ultrapassa a vontade de um grupo de pessoas ou de um conjunto de partidos. Será resultado da reflexão e da mobilização dos brasileiros, onde quer que possam fazer ouvir suas vozes. É a voz da Política, com um pê maiúsculo. E nunca o País necessitou tanto da Política quanto agora. É a urgência do diálogo. E nunca o País requereu tanto o saber ouvir e o saber falar com franqueza e lealdade”.
Importância dos servidores: “Sem a participação dos servidores públicos, arrisca-se a continuidade das mudanças e das conquistas. Por toda minha vida profissional fui servidor público. Considero o cargo de Governador do Estado um dos mais elevados no serviço público. Quero honrá-lo, em favor de Pernambuco, com o permanente apoio dos servidores estaduais”.
Agradecimentos: “A Ana Luíza, minha querida esposa, às nossas filhas Clara e Helena, aos meus pais, irmãos, parentes e amigos. A quem não está mais entre nós, mas que sempre permanecerão juntos a nós, com seus ensinamentos, com seus ideais, com seus sonhos e com seus valiosos legados. Doutor Miguel Arraes, Eduardo Campos, Ariano Suassuna, Pompeia Campos, Fernando Correia, entre outros”.
2014: “2014 foi o ano mais intenso da minha vida. Experimentei, a um só tempo, a contradição extrema da morte inesperada e a responsabilidade em conduzir a vida de uma esperança tão bem plantada entre nós. Quando tudo parecia chegar ao fim, eu descobri pelas estradas de Pernambuco, nas ruas e praças do nosso Estado, a força indestrutível da nossa gente guerreira. Cada olhar de confiança e cada abraço de solidariedade que recebi, acenderam no meu coração uma grande verdade: com o amor do povo e a fé em Deus, será possível superar toda a dor e construir o novo tempo de um tempo novo que a saudade nos deixou.
Conclamando, não vamos desistir de Pernambuco: “Foi uma campanha em que pelejamos juntos. Nela costumava encerrar os discursos conclamando ao trabalho, ao coração e à vitória. Já vencemos. Agora, o nosso dever é manter a unidade e o empenho que nos impulsionaram até aqui e trabalhar, dia e noite, sintonizados com o sentimento e os sonhos do povo pernambucano”.