Que se apliquem os rigores da lei
Passadas as eleições, a onda de escândalos invade o meio jornalístico com os desdobramentos da operação “Lava Jato”, desencadeada pela Polícia Federal em março deste ano, e que já levou vários envolvidos para a cadeia, a partir das delações premiadas feitas pelo doleiro Alberto YOUSSEF e pelo ex-diretor de refino e abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa.
Perfurando os poços da corrupção, na segunda sexta feira do mês, (14/11), que ficou conhecida como o dia do “juízo final”, a PF voltou a cumprir mandados de prisão e colocou 23 acusados atrás das grades , entre eles, diretores de várias empreiteiras que prestam serviços à estatal. Após ouvi-los e aprofundar as discussões,estimou- se que o rombo é em torno de 12 bilhões de reais e,tempestivamente,algumas medidas foram tomadas como quebra de sigilo bancário e bloqueio dos bens de alguns detidos para as providências legais.
A presidente Dilma Rousseff, que estava na Austrália aguardando o tão esperado encontro do “G20”, tomou conhecimento dos fatos pela imprensa e, naturalmente, através dos seus assessores mais próximos.Concluída a operação das prisões, o ministro José Eduardo Cardozo fez um pronunciamento sobre as ocorrências, dizendo que a oposição não podia usar as prisões para criar um terceiro turno eleitoral e que a presidente tinha dado sinal verde para a PF executar os seus trabalhos. Que coisa mais estranha!
Quem terá dito ao ministro que a polícia federal precisa de sinal verde para colocar ladrões na cadeia? Ela é autônoma e intervém sempre que necessário, (principalmente quando a caça é de peixes graúdos). O que o governo tem que fazer é dar condições para que o trabalho se processe da melhor forma possível. Pois, além de prender os culpados, o mínimo que a sociedade espera, é que cada centavo de real volte para o seu lugar de origem. Afinal, é muita grana subtraída de forma ilegal de um patrimônio que pertence aos brasileiros.
Nenhuma pessoa sensata está satisfeita com tantos escândalos, mas esta é uma excelente oportunidade para a presidente Dilma cumprir um dos seus compromissos de campanha, no que tange à questão da ordem e moralidade no serviço público. Lembrem-se que esta foi a principal bandeira para o seu segundo mandato. É hora de agir diferentemente de outras situações que presenciamos:
Quando a maioria dos seus ministros apareceu enlameada em falcatruas, em vez de dizer que estavam fazendo roubalheiras ela inventou que o que eles faziam eram apenas “malfeitos”. E porque eram só “malfeitos”, voltaram todos ao governo nos mesmos ministérios ou em outros penduricalhos; quando explodiu o escândalo na Petrobrás o país inteiro sabia que o que havia era roubo mesmo. Ali voltou dona Dilma a por os corruptos embaixo de suas vestes dizendo que não houve roubo. Houve apenas “desvios”, chegando, inclusive, a parabenizar um funcionário demitido pelos relevantes serviços prestados ao país.
Como é sabido que o hábito do cachimbo é quem põe a boca torta, vamos abrir bem os olhos para não deixarmos que os escândalos surgidos sejam capazes de mudar o significado das palavras tão bem descritas em nosso querido Aurélio.
Danizete Siqueira de Lima
