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OPINIÃO DO PERNINHA

Refazendo as contas

Há exatos quinze dias, publicamos a crônica A reversão dos números nos referindo ao encolhimento do PT após as eleições presidenciais de 05/10. Finda a apuração do primeiro turno tivemos o cuidado de refazer as contas que só vieram confirmar as nossas expectativas. 
Tomando por base Pernambuco, percebemos que a sigla definhou como em nenhum outro estado da federação. Dois ex-prefeitos do Recife, capital do estado, saíram de cena ao perder a disputa por um mandato. João Paulo, que concorreu ao cargo de senador e João da Costa, que concorreu a uma vaga na Câmara Federal tiveram de enrolar a bandeira, conseqüência do fracasso político que os envolveu em 2012.
Entre os nove estados do Nordeste, o pernambucano foi o único onde a presidente Dilma Rousseff (PT) perdeu a eleição, sendo derrotada por Marina Silva (PSB). “Vai ser difícil juntar os cacos, ainda mais quando a sigla não sabe pronunciar a palavra unidade”, foi o que disse a jornalista Aline Moura, do Diário de Pernambuco, em matéria recente.
O que mais nos chamou à atenção nos números finais da campanha? Fernando Bezerra Coelho, candidato ao senado pelo PSB, teve no estado quase o dobro dos votos de João Paulo (PT), 64,34 % contra 34,80%. No Recife, a diferença foi ainda maior, 68,99% contra 29,04%. João da Costa concorreu ao cargo de deputado federal e alcançou 63.060 votos, cerca de dois mil a menos do que obteve em 2006, quando se elegeu pela primeira vez deputado estadual.
A sangria não estanca por aí. O partido que elegeu quatro deputados federais em 2010 e quatro estaduais perdeu todas as vagas no Congresso, embora tenha reelegido três lideranças para a Assembléia Legislativa: Teresa Leitão, Manoel Santos e Odacir Amorim. Para se ter uma idéia da falta de oxigenação no PT, citamos o exemplo do atual líder da oposição na Assembléia e representante dos policiais civis do estado, Sérgio Leite (PT), que perdeu a eleição depois de 16 anos como parlamentar. Como se não bastassem os números acima, houve mais quatro estados do país onde a legenda não emplacou um representante na Câmara: Amazonas, Rondônia, Roraima e Tocantins.
A desunião no partido era tanta que, sem forças para lançar um candidato ao governo em Pernambuco, fez uma aliança com o PTB de Armando Monteiro Neto que, apesar de eleger cinco deputados federais do seu grupo político, não teve sequer um deputado do PT e ainda teve que amargar a goleada histórica dada por Paulo Câmara que contabilizou 68,08% dos votos para governo do Estado contra 31,07%, sendo esta a maior diferença em todo o País. 
Para quem acompanha a política local esse filme vinha se desenhando desde a última eleição para prefeito do Recife. A desorganização, aliada a falta de unidade do partido, são responsáveis pelos números apresentados. E, mesmo que o PT encha o peito por ter ganho terreno em Minas Gerais e no Acre, terras de Aécio e Marina Silva, respectivamente, aqui em Pernambuco, estado natal e segunda casa do ex-presidente Lula (a primeira é São Paulo), as urnas mostraram que a sigla não soube jogar xadrez e se olharmos pelo retrovisor veremos que pelo dinamismo da política ela não deixa espaço para amadores nem para legendas que não conseguem revelar novas lideranças.
Danizete Siqueira de Lima

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