Um encontro para marcar história. Cerca de 40 mil pessoas acompanharam no Recife, às margens do rio Capibaribe, o grande comício conjunto de Paulo Câmara e Marina Silva (ambos do PSB), respectivamente, candidatos a governador de Pernambuco e presidente da República, nessa segunda-feira (29), no Cais da Alfândega. Vindos de todas as regiões do Estado, os pernambucanos mostraram que vão votar fechado na escolha de seus governantes nas esferas estadual e federal, assim como no candidato da Frente Popular ao Senado, Fernando Bezerra Coelho (PSB), mostrando que, como diz o jingle da campanha socialista, “agora é lá e lô”.
Precedido por um coro de 40 mil vozes cantando Madeira do Rosarinho, frevo de bloco que se tornou um hino da Frente Popular, Paulo ressaltou a sintonia entre o projeto que mudou Pernambuco nos últimos oito anos e aquele que Marina representa para o País, ambos tendo no ex-governador Eduardo Campos seu idealizador. “O tempo bom de Pernambuco só está começando, depende só de continuarmos no caminho certo. E depende de levarmos esse tempo bom para o restante do País, para o Brasil voltar a crescer, se desenvolver; mas com transparência, sem corrupção, sem fisiologismo, olhando para aqueles que mais precisam”, defendeu o candidato.
O socialista lembrou que os adversários afirmaram que tanto Eduardo, em 2006, quanto o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), em 2012, não conseguiriam se eleger. Após as suas respectivas vitórias nas urnas, diziam, não cumpririam o que prometeram. “É o que está acontecendo agora. Já perceberam que, com a ajuda de vocês, eu vou ganhar a eleição. E começam a colocar em dúvida o cumprimento das nossas propostas. Pois eu venho de uma escola de gente que cumpre seus compromissos. E eu vou cumpri-los todos”, garantiu.
Marina Silva disse sentir-se acolhida e abraçada em Pernambuco, pela energia com que foi recebida, tanto no evento anterior, em Caruaru, quanto no do Recife. Ela pediu que, até o dia 5 de outubro, cada um de seus eleitores e de Paulo consiga um ou mais votos para ambos, “para surpreender aqueles que achavam que já tinham vencido”; e elogiou seu correligionário. “Eduardo escolheu o mais jovem entre tantos nomes possíveis, por ter percebido em Paulo uma grande semente para se tornar uma frondosa árvore e que vai gerar muitos frutos para Pernambuco. Elegê-lo é um dever dos pernambucanos, como forma de homenagear o ex-governador”, defendeu a ex-senadora, sob os aplausos dos presentes.
Em um discurso que encheu de emoção o Cais da Alfândega, João Campos, filho de Eduardo, lembrou mais uma vez o legado do pai, afirmando que o povo pernambucano dividiu com a família a tristeza pela morte do líder, e os brasileiros choraram pelo futuro que ele representava. “Meu pai apontou o caminho, mostrou como esta frente deveria marchar unida para continuar o desenvolvimento deste Estado. Indicou Paulo, um jovem que já era um líder dentro de seu Governo. Um líder não se faz, nem se cria, ele tem vocação. Ao morrer, meu pai transformou-se em seus sonhos e ideais. Por isso estou aqui. Porque devo, a ele e à sua memória, falar sobre os seus sonhos ao povo de Pernambuco e do Brasil”, salientou.
Candidato a vice na chapa presidencial, Beto Albuquerque (PSB) recordou a amizade de anos com o ex-governador e apontou a importância da eleição estadual. “Eu e Marina viemos aqui para dizer que o ‘vira-virou’ aconteceu, e Paulo, como prevíamos, vai ganhar a eleição, vai dar um chocolate na turma que já tinha pegado na taça, dando a vitória por favas contadas. Viemos aqui para falar que é de Pernambuco que vamos levar para o Brasil a nova política”, discursou o gaúcho, citando programas estaduais que fizeram Eduardo ser reconhecido anos a fio como o melhor governador do Brasil, como o Pacto pela Vida, as escolas em tempo integral, o Mãe Coruja.
“Marina, Paulo Câmara vai liderar o generoso povo de Pernambuco, a partir de 2015, e será o responsável por levar adiante os sonhos e bandeiras que Eduardo defendia. Ele será o grande avalista de seu mandato como presidente da República. Estará com você, no tempo bom e no tempo ruim”, previu o candidato ao Senado, Fernando Bezerra Coelho, para quem os pernambucanos estão unidos em defesa destes ideais, “do cais ao Sertão”.