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ADEUS, EDUARDO!

A notícia da morte do ex-governador Eduardo Campos parece um pesadelo. Tão logo tomei conhecimento dei vários beliscões no meu corpo para ter a certeza de que não estava embalado em sono.

Foi cruel demais, uma dor insuportável para todos os brasileiros, especialmente para nós, pernambucanos, que tínhamos o privilégio da sua convivência.

Eduardo era um líder nato, um político acima do seu tempo, um homem dedicado à vida pública, um ser humano alegre e bem-humorado. Um pai de família exemplar, carinhoso com os filhos, dedicado à Renata, sua primeira e única namorada, com quem teve cinco filhos.

Não é fácil falar de um homem e político da dimensão de Eduardo Campos. Na política, viveu de tudo, momentos felizes e infelizes. Como a política é uma gangorra, foi ao fundo do poço na crise dos precatórios. Mas bastou ter a oportunidade de ser ministro para fazer do limão uma limonada, dando a volta por cima na pasta de Ciência e Tecnologia.

De lá para cá, fez a travessia para os píncaros da glória. Subiu feito um foguetão, se elegeu governador e se reelegeu quatro anos depois com a marca do melhor governador do País.

Eduardo superou todas as adversidades que se deparou pela frente com muita luta, muito trabalho. Trabalho, aliás, que para ele era um exercício incansável.

Alguém que não gostasse dele poderia apontar muitos defeitos e qual homem público não tem defeitos? Mas até o seu pior inimigo não poderia negar sua forte disposição para o trabalho. Acordava cedo, era madrugador, disposto.

Lembro que uma vez o seu avião não pousou em Garanhuns por falta de teto na abertura do festival de inverno, mas ele pousou no Recife e de lá pegou um carro, viajando mais de 200 km para cumprir a sua agenda.

Convivi com Eduardo desde 1986, ano em que Arraes, após a volta do exílio em 1979, disputou o Governo do Estado e Eduardo já auxiliava ele. Foi com o avô que foi contaminado pela política, que só tem uma porta ou uma janela, a da entrada.

Eu tive altos e baixos com ele, encontros e desencontros que, certamente, vão para um livro meu de memórias. Entendi todas as circunstâncias que um dia nos separou, como entendi também as que recentemente nos levou à reconciliação.

Eduardo era um político de gestos, amado por muitos, também odiado por alguns. Mas na vida ninguém agrada gregos e troianos, ninguém pode ser unanimidade. Já dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra.

Eduardo era daqueles que encaravam a vida assim, que não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente. Uma pessoa é bela, não pela beleza dela, mas pela beleza nossa que se reflete nela.

Somos as coisas que moram dentro de nós. Por isso, há pessoas tão bonitas, não pela cara, mas pela exuberância de seu mundo interior. Lutam melhor aqueles que têm sonhos belos.

Somente aqueles que contemplam a beleza são capazes de endurecer sem nunca perder a ternura. Guerreiros ternos. Guerreiros que leem poesias. Guerreiros que brincam como criança.

Por: Magno Martins


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