Em sua coluna deste domingo (20/07), publicada nos jornais “Folha de São Paulo” e “O Globo”, o jornalista Elio Gaspari desafia o deputado pernambucano José Augusto Maia-foto (PROS-PE) a dar nome às forças ocultas que teriam tentado suborná-lo para apoiar Paulo Câmara (PSB) ao Governo do Estado e não o senador Armando Monteiro (PTB).
Título da nota do acreditado jornalista, seguramente o de mais prestígio no Brasil: “O MENSALÃO COMEÇOU ASSIM”.
Texto: Na tarde de quarta-feira (17), o deputado José Augusto Maia (PROS-PE) foi à tribuna da Câmara (Federal) e denunciou que foi destituído da presidência do PROS de Pernambuco e excluído da lista de candidatos “por não aceitar uma proposta indecorosa e vergonhosa do presidente nacional do partido, Eurípedes Júnior (…) para me coligar ao PSB”.
O PROS efetivamente coligou-se com o PSB. Há alguns meses, numa reunião do PROS ocorrida em Brasília, Eurípedes Júnior defendeu a necessidade de lutar pela nomeação de um ministro porque isso permitiria a obtenção de financiamentos de fornecedores e sua canalização para as campanhas. Nessa ocasião, houve um pequeno mal-estar. Se as doações fossem formais, não haveria por que falar em “proposta indecorosa e vergonhosa”. Numa segunda reunião, numa narrativa de Maia, o assunto voltou a ser tratado, com mais detalhes.
Maia foi prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, esteve no PMDB e no PTB. Teve suas contas rejeitadas quatro vezes e, no último dia 6, anunciou que desistia de se candidatar à reeleição. Se ele era um barra brava, o PROS correu risco ao aceitá-lo, entregando-lhe a presidência da secção pernambucana. De qualquer forma, fica a esperança de que especifique a proposta “indecorosa e vergonhosa” que recebeu. Afinal, o deputado Roberto Jefferson, que detonou o mensalão, também passara pelo MDB e pelo PTB, além de ter sido um dos coronéis da tropa de choque do presidente Fernando Collor no Congresso.