O deputado federal Augusto Maia (Pros) relatou ao jornal Folha de São Paulo, desta quarta-feira (23), que teria recebido uma proposta financeira para apoiar à candidatura do ex-secretário Paulo Câmara (PSB) ao governo de Pernambuco. O parlamentar declarou que a proposta partiu do presidente nacional de seu partido, Eurípedes Jr., e do presidente do PP estadual, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP). A oferta seria de R$ 6 milhões, sendo R$ 2,5 milhões reservados a Augusto Maia.
Os valores não foram divulgados por Augusto Maia e, sim, por deputados ouvidos no anonimato. “Já disse que foi uma proposta indecorosa, vergonhosa, impublicável e não republicana. Estou dizendo que foi uma proposta, com outras palavras, de vantagem financeira. Não estou dizendo as cifras, mas para bom entendedor o silêncio é o bastante, né? No juízo eu quero, aí eu vou dizer”, disse Augusto Maia ao jornal Folha de S. Paulo, que tem como manchete a denúncia.
Inicialmente, Augusto Maia defendia o apoio do Pros à candidatura do senador Armando Monteiro Neto (PTB). Na verdade, o deputado saiu do PTB para o Pros na tentativa de dar mais tempo de TV ao postulante trabalhista. No entanto, a legenda, por determinação da Executiva Nacional, mudou de planos e integrou o palanque da Frente Popular, que conta com o apoio de 21 partidos.
Na matéria da Folha, Augusto Maia relata dois encontros, que, segundo ele, teria acontecido as propostas financeiras. O primeiro foi na manhã do dia 12 de junho, no hotel Atlante Plaza, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Estavam no encontro Eurípedes e os deputado federais Givaldo Carimbão (AL), líder do Pros na Câmara, Salvador Zimbaldi (Pros-SP), Ronaldo Fonseca (Pros-DF), Márcio Junqueira (Pros-PR) e Major Fábio (Pros-PB).
Na ocasião, segundo o deputado, Eurípedes e Carimbão mencionaram uma “proposta irrecusável” que o Pros teria recebido para apoiar o candidato socialista. Os valores não foram mencionados, por medo de grampo. Os números teriam sido anotados em bilhetes. O deputado disse que recusou a proposta, mas continuou a negociar porque tinha a intenção de se candidatar numa chapa do partido com o PP.
No mesmo dia, o Pros anunciou apoio ao PSB e Maia foi destituído da presidência estadual do partido. O outro encontro aconteceu no dia 16 de junho na sede do PP em Pernambuco, com o presidente da legenda e deputado Eduardo da Fonte. Augusto Maia contou que o progressista sugeriu que ele fosse conversar com o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), um dos coordenadores da campanha de Paulo Câmara. Na reunião, teria acontecido uma nova proposta de propina.
Em Brasília, o PP e o Pros reúnem 59 deputados federais. O apoio dos dois partidos deve garantir em torno de 1 minuto e meio no horário eleitoral de TV. Nacionalmente, os partidos divergem da Frente Popular e não apoiam à candidatura do ex-governador Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República. A opção das legendas foi o PT, que tem como candidata à reeleição a presidente Dilma Rousseff (PT).(Diário de Pernambuco )