O golpe militar desferido pelos militares no dia 31 de março para 1º de abril de 1964 está completando 50 anos. Era um tempo de turbulências na economia: basta dizer que a inflação acumulada em um ano chegou a 80% e as riquezas do Brasil estavam encolhendo. Havia também falta de gêneros de primeira necessidade, alguns deles racionados, como é o caso do açúcar, e a distribuição da energia e da água era precária.
O mundo estava dividido pela Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. O embaixador americano no Brasil Lincoln Gordon teve papel destacado na derrubada do presidente João Goulart.
Os deputados Gonzaga Patriota (PSB-PE) e Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) discutiram sobre o Golpe Militar, nesta terça-feira (01), no Programa Brasil em Debate, veiculado pela TV Câmara.
Gonzaga Patriota esclareceu que relembrar os fatos ocorridos no passado é uma forma de evitar que voltem a acontecer no futuro.
“Um dos fatores positivos do Golpe de 64 foi à marca na histórica do País para que ninguém esqueça e isso nunca mais aconteça. Não estamos comemorando, mas relembrando o que fizeram, por exemplo, com Miguel Arraes e tantos outros que lutaram pelo nosso Brasil”, disse Patriota.
O parlamentar também comentou sobre as lembranças que guarda desse período histórico.
“Eu era adolescente na época e acompanhei de perto, pois comecei a trabalhar na estação de trem nesse período. O presente que ganhei, por me envolver com partidos políticos e sindicatos foi à demissão do emprego federal. Na época já era casado e tinha três filhos para sustentar”, relatou.
Gonzaga Patriota relembrou o amordaçamento da imprensa, a intervenção nos sindicatos e entediantes estudantis e, principalmente, a corrupção que, naquela época, existia amplamente, mas era camuflada, já que ninguém podia denunciar.
O socialista defendeu, veementemente, os valores da democracia e destacou a importância da Constituição Federal de 1988.
“O grande pacto político contra a ditadura culminou com a Constituição de 1988. Este pacto estava cravado sobre duas prioridades: a democracia e a diminuição da desigualdade social. A Constituição Federal de 1988 é a mais democrática que o Brasil já teve, tanto pela participação popular quanto por seu conteúdo. A participação direta do povo na elaboração da carta marcou seu caráter cidadão”.
E finalizou: “só e somente com a participação do povo, é que se faz democracia. Golpe Militar nunca mais”.
O deputado Antônio Carlos Mendes Thame afirmou que o Golpe Militar teve seus pontos positivos e negativos.
“Foi na época dos militares que surgiu o Proálcool, que foi construído Itaipu, ou seja, há pontos positivos. Mas o que houve de negativo é muito pesado, tivemos inflação absurda, 240% de inflação, dívida externa multiplicada por 30, concentração de renda”, explicou.