Home » Pernambuco » INSTITUTO MIGUEL ARRAES CELEBRA MEMÓRIA DO EX-GOVERNADOR

INSTITUTO MIGUEL ARRAES CELEBRA MEMÓRIA DO EX-GOVERNADOR

Em cerimônia realizada na manhã desta quinta-feira (27), o Instituto Miguel Arraes (IMA) celebrou a memória do ex-governador, deposto de seu cargo em primeiro de abril de 1964, e debateu questões relativas à passagem dos 50 anos anos do golpe militar no Brasil. 
Para palestrar sobre o fato, estiveram presentes à mesa o coordenador-geral da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, Fernando Coelho; a assistente da Secretaria de Governo de Pernambuco e ex-presidente da ONG Movimento Tortura Nunca Mais, Amparo Araújo; o advogado e coordenador do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Rodrigo Deodato; e o advogado e ex-assessor de Arraes, Ivan Rodrigues, testemunha ocular da invasão ao Palácio das Princesas. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a primeira dama, Renata e o filho mais novo, Miguel, estiveram presentes ao evento, que contou com a presença de diversos membros da família Arraes, com destaque para sua viúva, dona Magdalena, que é também a diretora executiva do IMA.
“Cinquenta anos após o golpe, não podemos deixar de destacar a forma como a sociedade brasileira parece reagir, em sua relação com o período. Há poucos dias, o povo impôs sua mais absoluta ausência na Marcha da Família, demonstrando de algum modo o seu julgamento sobre os processos que ocorreram tempos atrás”, avaliou Fernando Coelho, um dos primeiros a falar. Ivan Rodrigues, muito emocionado, lembrou o momento em que o coronel Dutra de Castilho, comandante do 14º Regimento de Infantaria, veio comunicar a Miguel Arraes que este estava deposto. “Doutor Arraes respondeu, você não tem autoridade para me depor. Sou o governador do Estado, eleito pelo povo de Pernambuco, e somente ele pode me depor. Ou então, o senhor pode dizer que estou preso, e isso o senhor pode fazer pela força. O coronel retrucou, de forma alguma excelência, pelo contrário, lhe daremos todas as garantias cabíveis. E aí doutor Arraes respondeu, serenamente e de forma profética, marcando definitivamente uma posição política e de dignidade, não preciso de suas garantias, sou o governador de Pernambuco e exercerei o meu mandato até o último dia, esteja onde estiver. E ele cumpriu o mandato dele, mesmo no exílio, mesmo perseguido, mesmo acampanado pelas forças militares brasileiras, que o perseguiram também no exterior”.
Para o coordenador do Gajop, os cinquenta anos do Golpe não devem ser celebrados, e sim “os cinquenta anos de resistência do doutor Arraes”. “É importante lembrar a população de que nesse primeiro de abril de 1964 dois jovens foram assassinados aqui no Recife. Eram Jonas José de Albuquerque Barros e Ivan Rocha Aguiar, as duas primeira vítimas fatais da ditadura, o que denonstra claramente que desde o seu marco inicial, a ditadura foi violadora até mesmo do direito à vida, para além de todos os direitos que permanecem violados e crimes que seguem impunes até os dias de hoje. Por isso, é importante que surjam cada vez mais espaços de memória como este Instituto Miguel Arraes”, declarou.

Inscrever-se
Notificar de

0 Comentários
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários