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COM SILÊNCIO, JOÃO LYRA EXPÕE A INSATISFAÇÃO COM A SUCESSÃO

Preterido de disputar a sucessão estadual, o vice-governador João Lyra Neto (PSB) soube da bênção ao secretário Paulo Câmara pelos sites de notícia do Estado. Por volta das 16h30, chegou ao Palácio do Campo das Princesas, onde conversou, a sós, com o governador Eduardo Campos (PSB) ao longo de aproximadamente duas horas e meia, respondendo a um chamado do correligionário. Lyra saiu sem dar entrevistas à imprensa. Não atendeu ligações nem retornou mensagens. O silêncio sugere a insatisfação por não ser o escolhido e com a forma pela qual o processo de definição foi conduzido.

João Lyra era considerado por alguns o “sucessor natural”, já que assumirá o governo em abril, quando Eduardo Campos se desincompatibilizará para disputar a Presidência da República.

Ao longo do processo de escolha do candidato, João Lyra queixou-se a interlocutores de falta de diálogo do governador. Foi pouco procurado. Queria participar das discussões e acreditava que poderia (e deveria) ser o ungido. Ano passado, já lembrado como possível candidato, deixou o PDT para se filiar ao PSB.

Em entrevistas, entretanto, ao ser questionado sobre o processo da sucessão, João Lyra não externava irritação. Assumia o tom sereno e educado que lhe é peculiar, desconversava. Publicamente, montou um script baseado na discrição, mas, nos bastidores, tentava viabilizar seu nome. Procurou conversar com lideranças, a exemplo do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).

No último dia 7, teve outra conversa com o governador. Já tinha indicativos de que não seria o escolhido e queria saber o motivo. Questionava o porquê de servir para vice, mas não para governador. Porém o processo de escolha do candidato não teria entrado em pauta. O governador teria focado a conversa na transição administrativa.

Preterido até do debate em torno da sucessão, Lyra acabou aproximando-se do ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB), outro que gostaria de ser o escolhido para disputar o governo do Estado, mas teve que aceitar a vaga para o Senado na chapa.

Ao lado do deputado estadual Danilo Cabral, Lyra e Bezerra Coelho eram as opções com o perfil político. Mas o governador queria um técnico – como foi em 2012, ao escolher o então secretário Geraldo Julio (PSB) para disputar a Prefeitura do Recife – para dialogar com sua campanha nacional pautada na “nova política”.

Com raízes políticas em Caruaru – no Agreste do Estado –, cidade natal de sua família, João Lyra atua no meio político há mais de 30 anos. Não pode vestir a camisa de “novo”.

Foi prefeito de Caruaru por dois mandatos, deputado estadual, quando assumiu a liderança do governo Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos, e, já como vice, chegou a acumular o comando da Secretaria de Saúde. Em 2010, elegeu a filha Raquel Lyra (PSB) deputada estadual.


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