Não é preciso ser cientista político para compreender que as manifestações de rua que estão ocorrendo no país, e irão chegar hoje ao Recife, são também um protesto contra os partidos e a classe política de um modo geral. Nas palavras do governador Eduardo Campos, “num primeiro momento é uma negação às lideranças dos movimentos sociais e da política. Mas não são todos dos movimentos sociais e da política que estão desconectados desse sentimento. Alguns estão; outros, não”.
O PT talvez esteja. E pelo fato de se encontrar no governo há mais de dez anos é até natural que a conta mais salgada dos protestos caia exatamente para ele, já que não há nesses movimentos um só líder petista comandando a massa ou pessoas empunhando bandeiras do partido como se via em passado recente. O PT envelheceu precocemente depois que chegou ao poder. E por manter alianças com os partidos mais fisiológicos do Congresso não encanta mais o jovem que vai votar pela 1ª vez.
Isso levará o partido, necessariamente, a fazer uma reflexão sobre as eleições de 2014 em torno da seguinte pergunta: Dilma Rousseff, mesmo com apoio de Lula, terá coragem de ir às ruas das grandes cidades para pedir votos à sua reeleição? O protesto dos jovens “contra tudo e contra todos”, como definiu a Folha de São Paulo, indica que não. O país começa a dar sinais de que vai querer uma “coisa nova” no próximo ano e essa “coisa nova”, seguramente, não será o Partido dos Trabalhadores.
Por: Inaldo Sampaio