Exceto a mesa diretora da Assembleia Legislativa, que insiste em manter sob sigilo o número exato de funcionários comissionados na Casa – que em sua totalidade passaram a receber o auxílio-saúde de R$ 495,00 mensais desde o último dia 1º –, parlamentares consultados nesta quinta (4) pelo JC revelam nem eles próprios saber o quantitativo.
Na condição de anonimato, para evitar mal-estar na Casa, defenderam a “transparência” no Legislativo – com a divulgação do número de comissionados e do montante integral que será gasto com a extensão do auxílio-saúde dos efetivos e aposentados para todos os comissionados –, mas confessam desconhecer os dois dados. “Não divulgam, talvez, porque são muitos. Isso constrange. A gente sabe a estrutura de gabinete, mas a suplementar não conhecemos”, confessa parlamentar situacionista.
O desconhecimento é geral: governista e oposicionista coincidem. “Eu não sei porque as pessoas responsáveis pela Casa não querem dispor isso. Por mim, não tem problema. Não sei quantos são, nunca conversei sobre o assunto”, lamenta outro graduado governista. “Eu não sei. Já sou perseguido por ser oposição, não vou arrumar mais briga. Não vejo problema em divulgar, mas Uchoa (Guilherme, presidente, do PDT), nunca discutiu isso com toda a Casa. Ele manda demais”, lamentou um adversário.
A relação é desproporcional. A Alepe conta com 180 servidores efetivos, enquanto nos cargos comissionados – da presidência e vice, lideranças e vice de governo e oposição, de partidos e blocos, e mais a estrutura administrativa – o cálculo estimativo é que o total supera a 1.370 funcionários, nomeados pelos deputados. Em vigor há oito meses, a extensão do auxílio-saúde para os 20% restantes dos comissionados, segundo a mesa, acarreta um impacto de R$ 408 mil no orçamento, elevando dos atuais R$ 835 mil para R$ 1.243 milhão a despesa.
“Defendo que a Assembleia deveria dar publicidade a todos os seus atos. O sentimento da maioria da Casa é encarar isso de forma mais transparente”, pondera outro governista, reforçando que fala sob anonimato. “Eu não sei a quantidade. Varia por gabinete. Não vejo dificuldade em ser divulgado. A mim, não incomoda”, afirma André Campos-foto (PT), 2º presidente da mesa, que fala abertamente. “Tenho 26 no gabinete e, pelo cargo, posso ter 70% a mais, porém, só uso 30%”, acrescenta. (JC.COM)