O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) pretende fazer uma manifestação nesta quarta-feira, no sepultamento do militante Fábio dos Santos Silva (foto), assassinado na manhã desta terça-feira, com 15 tiros, na cidade de Iguaí, no sudoeste baiano. Silva, que integrava a direção estadual do MST, foi morto na frente da mulher e da filha, por dois pistoleiros em uma moto que interceptou o veículo ocupado pela família. O movimento vai cobrar a apuração do crime e a punição dos culpados.
Márcio Matos, um dos coordenadores estaduais do MST, lembrou que o colega vinha sofrendo ameaças de morte desde o ano passado, quando foi preso por participar da ocupação da Fazenda Três Lajedos.
Ele foi um dos seis companheiros presos naquela ocasião. Passou dois meses detido, até que nós conseguimos um mandado de soltura — disse Matos, atribuindo a morte à morosidade da implantação da reforma agrária no Brasil.
Nós pedimos ao secretário das Relações Institucionais do estado, Cezar Lisboa, para que o governo baiano se empenhe em apurar esse caso — afirmou, lembrando que esta é a quarta morte no ano causada pela questão fundiária no Brasil.
A vítima era pedagogo e havia se especializado em Educação no campo. Chegou a disputar a eleição de vereador no ano passado, mas perdeu. O Diretório Municipal do PT em Vitória da Conquista, maior município da região, divulgou uma nota lamentando o assassinato. “Ele foi executado de forma bárbara, mostrando que a luta pela terra ainda enfrenta a violência sem limites dos latifundiários, que não admitem que o Brasil passe pela necessária transformação social que vai romper velhos modelos de dominação política e econômica para instaurar uma nova sociedade, calcada no mais profundo respeito aos direitos das pessoas, especialmente das classes populares”, diz um trecho, classificando o assassinato de “crime hediondo”.
O caso abalou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra baiano no momento em que a organização se preparava para a jornada de luta do Abril Vermelho, que lembra os assassinatos em Eldorado dos Carajás. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia designou um delegado especial para investigar o crime.