A escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, como sucessor de Bento XVI surpreendeu muitos fiéis que acompanharam as especulações sobre a divisão de votos no conclave. Para o brasileiro Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo e cotado como um dos favoritos, no entanto, o erro das projeções é normal. “Esses cálculos, com que critérios foram feitos? Humanos. Os disponíveis. É normal”, disse em entrevista coletiva nesta quinta-feira (14) no Colégio Pio Brasileiro, em Roma.
Mas nunca pensei que viesse a acontecer […] ser Papa não é uma honra simplesmente, não é um poder. É um serviço muito grande. Quem é eleito Papa sente esse peso”
O saudei, lhe dei os parabéns, pedi que Deus o abençoasse. Lembrei da Jornada Mundial da Juventude, que ele irá ao Brasil em julho. Depende dele confirmar, com certeza o fará”
Dos cinco cardeais brasileiros que participaram da eleição do pontífice, outros dois também participaram da entrevista: Dom Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, e Dom Geraldo Majella, arcebispo emérito de Salvador. Além deles, estiveram no conclave Dom João Braz de Aviz e Dom Cláudio Hummes.
“As cotações prévias foram todas para o espaço”, afirmou Dom Odilo, dizendo que, segundo a crença, há outros elementos envolvidos na escolha de um novo Papa. “Há de se aprender que a Igreja não é só feita de cálculos humanos. De fato, o Espírito Santo orienta a Igreja.”
Questionado sobre a possível pressão sentida por ter sido considerado um dos favoritos para ser o novo Papa, Dom Odilo disse ter enfrentado tudo com muita tranquilidade. “Tenho os pés muito no chão, sabendo que havia muitas outras pessoas com muitas possibilidades.”
Ele afirmou não ter pensado que poderia vencer. “Depois de ter rezado, se colocado diante da possibilidade de ser eleito, ficaria difícil dizer não. Mas nunca pensei que viesse a acontecer”, disse. “Ser Papa não é uma honra simplesmente, não é um poder. É um serviço muito grande. Quem é eleito Papa sente esse peso.”