O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) chega no camarote da prefeitura no Sambódromo e cumprimenta Marta. Ela mostra a ele a neta, que o abraça. “É a filha do João”, diz o senador.
Um amigo do petista sopra: “Pergunta para ele da [ex-senadora] Marina Silva. Ela o convidou para o novo partido que está montando”.
Suplicy sorri. E confirma: “Sim, a Marina me telefonou hoje. Nós conversamos por mais de uma hora”. Ela convidou, e ele aceitou, ser uma das estrelas do lançamento do novo partido que está lançando, no dia 16. “Vou lá expor as minhas ideias.”
Suplicy está escanteado no PT. O partido planeja tirar dele a legenda para a candidatura ao Senado em 2014. Quer oferecer a vaga para partidos como PMDB e PSD, numa aliança para o governo de SP. Ele anda chateado.
Marina então o convidou para deixar o PT e integrar o partido que está montando? “A Marina sabe o que eu penso da fidelidade partidária. Eu disse a ela que não sairia do PT até cumprir todo o meu mandato [em 2014].”
E depois? “Se o PT me fechar as portas…”. Suplicy para, sorri e refaz o raciocínio. “Eu não acredito que o PT vai me fechar as portas. Eu acho que o partido vai continuar me apoiando.”
Por isso, decidiu enfrentar a cúpula partidária: vai propor prévias para a escolha do candidato do partido ao Senado em 2014. “Eu pensei muito e decidi: quero ser candidato de novo.”
O PT tem pelo menos uns dez “bons candidatos”, diz ele. “O Luiz Marinho, o Edinho Silva, o Emídio de Souza. Em outros partidos, o Gilberto Kassab [do PSD], o Chalita [PMDB]. São todos bons. Mas eu tenho certeza de que ganho as prévias. Eu ando por aí e as pessoas me dizem: ‘Mas o PT vai abrir mão de um candidato como você?'”.
A única chance de Suplicy desistir é se Lula for candidato ao Senado. “Aí, em respeito a ele, eu não disputaria.” (MÔNICA BERGAMO – COLUNISTA DA FOLHA)