Depois de transformar-se em uma espécie de ídolo por sua atuação como relator do processo do mensalão, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ganhará as ruas de Recife e Olinda durante o próximo carnaval. Vai usar até a toga, sobre o terno cinza, camisa azul e gravata vermelha. E, apesar do seu problema sério de saúde, não precisará se preocupar com as dores de coluna, mesmo diante do ritmo frenético e ágil da coreografia do frevo – ele será representado na forma de um boneco gigante. Ao contrário do que ocorre com as máscaras, à venda nas ruas de cidades como Recife e Rio de Janeiro, a réplica pernambucana foi autorizada pelo próprio.
No dia 24 de setembro do ano passado – antes mesmo da condenação dos mensaleiros -, o produtor cultural Leandro Castro enviou um e-mail ao gabinete do ministro, solicitando autorização para fazer o boneco gigante. O pernambucano não mostrou o teor da mensagem, mas deu acesso à resposta assinada pelo Chefe de Gabinete, Marco Aurélio Lúcio, na qual informa que Barbosa liberou a criação.
Joaquim “agradece a lembrança do seu nome para ser homenageado e autoriza a homenagem em forma de boneco gigante. Por acaso tem modelo de autorização específico que possa enviar?”, indaga o assessor, em mensagem encaminhada via e-mail, no dia 3 de outubro do ano passado. Burocracia resolvida, só mãos à obra : argila (para o molde), gesso, fibra de vidro, pintura do rosto e óculos.
O boneco, ainda sem “vida” – só rodopia no meio dos blocos com um “carregador” – já se transformou na maior atração do acervo da Embaixada dos Bonecos Gigantes de Olinda, que fica na rua do Bom Jesus, no Recife Antigo. Lá, há uma exposição permamente. O local chega a receber de 300 a 500 turistas por dia, dependendo da estação.
Apesar do nome da “embaixada”, seus bonecos nada têm a ver com os de Olinda, a não ser o tamanho. Enquanto os da cidade histórica são, em grande maioria, personagens fictícios – como a Mulher da Tarde, o Homem da Meia Noite, e o Menino do Dia – os de Recife normalmente representam personagens reais. (O Globo)