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LULA DEPÕE NESTA TERÇA A JUIZ DO DF PARA EXPLICAR SUSPEITA DE OBSTRUÇÃO DA LAVA JATO
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestará depoimento nesta terça-feira (14) ao juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, para explicar a suspeita de que tentou obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
Lula é um dos sete réus da ação penal aberta em julho do ano passado para investigar se houve uma tentativa do grupo de convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a não fechar acordo de delação premiada.
Segundo as investigações, Lula, o senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS), o ex-chefe de gabinete de Delcídio Diogo Ferreira, o banqueiro André Esteves – sócio do BTG Pactual –, o advogado Edson Ribeiro, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai, teriam tentado impedir que Cerveró revelasse à Justiça detalhes do esquema de corrupção que atuava na Petrobras em troca de uma redução da pena.
O ex-presidente da República deveria ter sido ouvido pela Justiça Federal de Brasília em fevereiro. Mas o juiz responsável pelo caso adiou o depoimento para esta terça-feira a pedido da defesa de Lula. A mudança foi autorizada em razão da morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia.
Os depoimentos dos outros seis réus da ação penal estão marcados para esta sexta-feira (17), também em Brasília.
À época da abertura da ação penal, em julho do ano passado, a defesa do ex-presidente alegou, em nota, que Lula já esclareceu, em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR), que “jamais interferiu ou tentou interferir em depoimentos relativos à Lava Jato”.
EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU É CONDENADO NOVAMENTE NA LAVA JATO
O ex-ministro José Dirceu foi condenado pela segunda vez na Operação Lava Jato nesta quarta (8), por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A pena soma 11 anos e três meses de prisão. Ainda cabe recurso do ex-ministro, que nega as acusações.
O ex-ministro está preso preventivamente há quase dois anos, desde agosto de 2015. Em maio de 2016, ele foi condenado pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e organização criminosa pela participação no esquema de contratos superfaturados da construtora Engevix com a Petrobras.
Nesta nova acusação, Dirceu foi apontado como destinatário de uma propina da empresa Apolo Tubulars para que ela fosse contratada pela Petrobras, com a intervenção do ex-diretor Renato Duque.
Segundo o Ministério Público Federal, a empresa pagou R$ 7 milhões em propina, no total. O ex-ministro teria recebido cerca de 30% do valor.
“Dirceu foi o beneficiário principal da propina dirigida ao seu grupo político em decorrência dos acertos havidos entre Renato Duque e Julio Camargo, eis que era o responsável pela sustentação política de Duque na condição de diretor da Petrobras”, escreveu o juiz Sergio Moro.
O irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, também foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, assim como Duque, por corrupção passiva, e os empresários Eduardo Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo, por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Foram absolvidos Paulo Cesar de Castro Palhares e Carlos Eduardo de Sá Baptista, por falta de provas.
OUTRO LADO
Em depoimento à Justiça, Dirceu negou que tenha interferido em licitações na Petrobras e disse jamais ter solicitado propina a empresários em troca de contratos na estatal.
“Eu estou sendo responsabilizado por um contrato sem nenhuma participação minha ou de minha empresa. Nenhuma. Zero”, afirmou. “Eu, realmente, não tenho nada a ver com isso. Na verdade, eu não devia estar aqui, sinceramente. Eu não tenho muito o que dizer.”
O ex-ministro reconheceu que recebeu valores da Credencial Construtora –empresa apontada como de fachada pelo MPF e considerada a operadora da transação.
Dirceu, porém, diz que o valor foi devido por uma consultoria no Panamá.
O advogado de Dirceu, Roberto Podval, criticou a condenação. “Hoje não se julga mais os fatos e sim o nome de quem aparece na capa do processo. Estão matando o Zé Dirceu. E mais fácil matá-lo que admitir sua inocência. Espero com a teimosia dos burros que nossos juízes voltem a julgar se guiando pela constituição e não pela opinião pública.” (UOL.COM)
PREFEITO DE LINS SE CASA COM EMPRESÁRIO
Folha de S.Paulo
Reeleito para governar Lins (SP) nos próximos quatro anos, o prefeito Edgar de Souza (PSDB), 38, casou-se no final de semana com o empresário Alexsandro Luciano Trindade, 35, com quem mantinha relação estável há 13 anos.
A cerimônia no último sábado (4), que teve quase 300 convidados entre amigos e familiares, contou com a presença de um ministro anglicano, uma ministra católica, uma espírita kardecista e um pai de santo. Católico, o prefeito disse que sonhava em casar-se na igreja, mas, como a religião não aceita cerimônias homossexuais, fez o casamento em um salão de festas da cidade.
“Algumas pessoas podem achar que é pecado, mas nós não achamos. Pecado é algo muito pessoal. O casamento foi muito mais por uma afirmação do nosso direito. Muita gente lutou para que isso fosse possível e não vamos abrir mão”, disse o prefeito.
Na política há 17 anos, Souza chegou à prefeitura da cidade em 2012, numa campanha em que recebeu ataques devido à sua orientação sexual. Um concorrente disse que a prefeitura se transformaria em uma boate gay se ele fosse eleito.
“Sempre enfrentamos essa questão com altivez, muito seguro do que fizemos. Não temos vergonha do que somos. O efeito foi contrário e vencemos com larga diferença. Os linenses me apoiaram”, afirmou.
Com a repercussão do seu casamento, o prefeito disse que, em dois dias, já recebeu dezenas de mensagens de carinho na internet. Segundo ele, muitos homossexuais o procuraram para elogiar a sua coragem.
“O casamento, em si, é uma consequência. Não foi planejado para ter essa repercussão, mas acaba tendo e a gente achou isso positivo para encorajar os outros. As mensagens que tenho recebido de carinho e amor são impagáveis.”
No fim de semana, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve na cidade para participar de um evento e aproveitou para cumprimentar os noivos.
“O PSDB sempre apoiou a causa LGBT, desde André Franco Motoro. O que houve foi que muita gente se travestiu de PSDB para praticar o antipetismo, mas a nossa pauta da social democracia vai além disso e pede o direito igualitário a todos. Sempre fui muito bem tratado dentro do partido”, afirmou o prefeito.
OFFICE BOY
Souza conheceu Trindade aos 17 anos, quando foi trabalhar na prefeitura como office boy.
“Como a gente fazia parte de um programa de ingressão de jovens no mercado de trabalho, eu comecei trabalhando na prefeitura de office boy, mas tinha que sair do cargo aos 17 anos. Quando completei 17, ele entrou no meu lugar. A princípio nos odiamos, mas depois fomos nos aproximando e deu certo”, disse.
O casal conversa sobre a possibilidade de adotar uma criança futuramente. A irmã de Trindade morou com os dois por anos com os dois filhos. Depois, casou-se e preferiu sair da casa.
O prefeito afirmou que está com “síndrome do ninho vazio”. “A gente ficou sentido porque estávamos acostumados com a crianças e começamos a falar nisso. O Alex é um pouco fechado, mas eu quero muito”, disse.
Sobre o casamento, disse que os dois estão na melhor fase do relacionamento. “Nos apaixonamos, tivemos altos e baixos, mas estamos na melhor fase das nossas vidas, graças a Deus.”
ODEBRECHT AFIRMA QUE ITAIPAVA FOI USADA PARA DISFARÇAR DOAÇÕES
JC Online
Durante o depoimento realizado na tarde da última quarta-feira (1) à Justiça Eleitoral, o empresário Marcelo Odebrecht afirmou que a Odebrecht, empresa da qual foi presidente, utilizou a cervejaria Itaipava, do grupo Petrópolis, como ‘laranja’ no pagamento de doações de campanha de políticos que deveriam ser, originalmente, da empreiteira. As informações são do blog de Fausto Macedo, do Estadão.
As afirmações feitas por Odebrecht corroboram com as investigações realizadas pela Lava Jato de que a cervejaria foi utilizada como uma intermediária para encaminhar dinheiro a partidos políticos. Segundo informações do site Uol, uma tabela apreendida pela Polícia Federal lista pagamentos a 19 partidos pelo que foi chamado de “parceiro IT”, em um valor de R$ 19,7 milhões de reais. Investigações apontam que um esquema envolvendo a Odebrecht e a Itaipava teria movimentado R$ 117 milhões de reais.
Em dezembro do ano passado, de acordo com a Revista Istoé, executivos da Odebrechet, em seu acordo de delação premiada, abordaram detalhes de sua relação com a família Faria, proprietária do Grupo Petrópolis. Durante as negociações para o acordo, Luiz Eduardo Soares, o Luizinho, funcionário do Setor de Operações Estruturadas, classificado como o departamento da propina da empreiteira, prometeu contar como a Odebrecht injetou cerca de R$ 100 milhões em uma conta operada pelo contador do Grupo Petrópolis no Antígua Overseas Bank (AOB) e construiu fábricas em troca de dinheiro no Brasil disponível para campanhas eleitorais e pagamento de propina para agentes públicos.
Resposta
Em resposta ao Estadão, o grupo Petrópolis afirmou que “todas as doações realizadas pelo grupo seguiram estritamente a legislação eleitoral e estão devidamente registradas”.
AVIÃO COM AÉCIO NEVES APRESENTA PROBLEMA E FAZ POUSO DE EMERGÊNCIA EM SÃO PAULO
Os pilotos teriam solicitado à torre a autorização para a aterrissagem, e, quando o aparelho tocou no solo, um defeito no trem de pouso teria levado o avião a deslizar na pista até uma área de gramado.
Não havia nenhum passageiro no jato além do senador Aécio Neves, e nem ele nem os dois pilotos se feriram, como contou o assessor Luiz Neto. “É um avião da líder alugado pelo PSDB. Parece que deu algum problema no trem de pouso. Mas está tudo bem, ninguém se feriu. O senador estava indo para um encontro com Fernando Henrique [Cardoso]”, disse.
O senador Aécio Neves veio a São Paulo para uma reunião com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, marcada para a manhã desta sexta-feira (10). De acordo com a assessoria do parlamentar, o encontro foi mantido.
SENADO FEDERAL APROVA MEDIDA PROVISÓRIA DO ENSINO MÉDIO. ENTENDA A REFORMA
A reforma do ensino médio foi aprovada nesta quarta-feira (8) pelo Senado. O texto, que segue para sanção do presidente Michel Temer, foi inicialmente colocado em vigor como Medida Provisória (MP). O texto final manteve todos os eixos do texto original.
Abaixo, veja os principais pontos:
O que é a reforma?
É um conjunto de novas diretrizes para o ensino médio implementadas via Medida Provisória apresentadas pelo governo federal em 22 de setembro de 2016. Por se tratar de uma medida provisória, o texto teve força de lei desde a publicação no “Diário Oficial”. Para não perder a validade, precisava ser aprovado em até 120 dias (4 meses) pelo Congresso Nacional.
Quem elaborou a MP?
A MP foi elaborada pelo Ministério da Educação e defendida pelo ministro Mendonça Filho, que assumiu a pasta, após a posse de Michel Temer, em 1º de setembro de 2016.
Antes da MP, estava em tramitação na Câmara o Projeto de Lei nº 6840/2013, do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). Entidades como o Movimento Nacional pelo Ensino Médio defendiam a continuidade da tramitação e das discussões sobre o PL. Governo e congressistas dizem que o conteúdo da MP considera discussões da Comissão Especial que resultou no PL.
O que ficou definido na reforma?
A reforma flexibiliza o conteúdo que será ensinado aos alunos, muda a distribuição do conteúdo das 13 disciplinas tradicionais ao longo dos três anos do ciclo, dá novo peso ao ensino técnico e incentiva a ampliação de escolas de tempo integral.
Áreas de concentração
O currículo do ensino médio será definido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), atualmente em elaboração. Mas a nova lei já determina como a carga horária do ensino médio será dividida. Tudo o que será lecionado vai estar dentro de uma das seguintes áreas, que são chamadas de “itinerários formativos”:
linguagens e suas tecnologias
matemática e suas tecnologias
ciências da natureza e suas tecnologias
ciências humanas e sociais aplicadas
formação técnica e profissional
As escolas, pela reforma, não são obrigadas a oferecer aos alunos todas as cinco áreas, mas deverão oferecer ao menos um dos itinerários formativos.
Carga horária
O texto determina que 60% da carga horária seja ocupada obrigatoriamente por conteúdos comuns da BNCC, enquanto os demais 40% serão optativos, conforme a oferta da escola e interesse do aluno, mas também seguindo o que for determinado pela Base Nacional. No conteúdo optativo, o aluno poderá, caso haja a oferta, se concentrar em uma das cinco áreas mencionadas acima.
Inglês
A língua inglesa passará a ser a disciplina obrigatória no ensino de língua estrangeira, a partir do sexto ano do ensino fundamental. Isso quer dizer que Congresso manteve a proposta do governo federal. Antes da reforma, as escolas podiam escolher se a língua estrangeira ensinada aos alunos seria o inglês ou o espanhol. Agora, se a escola só oferece uma língua estrangeira, essa língua deve ser obrigatoriamente o inglês. Se ela oferece mais de uma língua estrangeira, a segunda língua, preferencialmente, deve ser o espanhol, mas isso não é obrigatório.
Mais escolas em tempo integral
Outro objetivo da reforma é incentivar o aumento da carga horária para cumprir a meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê que, até 2024, 50% das escolas e 25% das matrículas na educação básica (incluindo os ensinos infantil, fundamental e médio) estejam no ensino de tempo integral.
No ensino médio, a carga deve agora ser ampliada progressivamente até atingir 1,4 mil horas anuais. Atualmente, o total é de 800 horas por ano, de acordo com o MEC. No texto final, os senadores incluíram uma meta intermediária: no prazo máximo de 5 anos, todas as escolas de ensino médio do Brasil devem ter carga horária anual de pelo menos mil horas. Não há previsão de sanções para gestores que não cumprirem a meta.
Tempo integral: programa de fomento
O MEC não apontou como será cumprida a carga horária, mas instituiu o Programa de Fomento à Implementação de Escolas em Tempo Integral para apoiar a criação de 257,4 mil novas vagas no ensino médio integral. Inicialmente previa uma ajuda de 4 anos. No texto final, os senadores sugerem que ele se estenda para 10 anos. Atualmente, só 5,6% das matrículas do ensino médio são em tempo integral no Brasil. Segundo associações, a adoção do turno integral elevaria mensalidades nas escolas particulares.
Não há estimativa de quanto os estados gastariam com a ampliação dos turnos para integral, mas o governo federal afirmou que, por meio desse programa de fomento, apenas cobriria parte dos gastos.
Como ficaram os pontos polêmicos da MP?
Desde que foi apresentada pelo governo, em setembro, a reforma se tornou alvo de protestos pelo país. Estudantes chegaram a ocupar escolas para se manifestar contra a MP. O protesto levou ao adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em vários locais do Brasil, especialmente em Minas Gerais e no Paraná.
Disciplinas obrigatórias
A principal polêmica diz respeito às disciplinas obrigatórias do ensino médio. Antes da MP, no Brasil, não existia uma lei que especificava todas as disciplinas que deveriam obrigatoriamente ser ensinadas na escola – esse documento será a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), que ainda não saiu do papel. Até então, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) só citava explicitamente, em trechos diversos, as disciplinas de português, matemática, artes, educação física, filosofia e sociologia como obrigatórias nos três anos do ensino médio.
Na versão original enviada pelo governo, a MP mudou isso, e retirou do texto as disciplinas de artes, educação física, filosofia e sociologia. Ela determinava que somente matemática e português seriam disciplinas obrigatórios ao longo dos três anos, e tornava obrigatório o ensino de inglês como língua estrangeira. Mas, além disso, os demais conteúdos para a etapa obrigatória seriam definidos pela Base Nacional, ainda em debate.
Durante a tramitação no Congresso, porém, os parlamentares revisaram parcialmente a retirada da citação direta à educação física, arte, sociologia e filosofia como disciplinas obrigatórias. Uma emenda definiu que as matérias devem ter “estudos e práticas” incluídos como obrigatórios na BNCC.
Notório saber
Outro alvo de críticas foi a permissão para que professores sem diploma específico ministrem aulas. O texto aprovado no Congresso manteve a autorização para que profissionais com “notório saber”, reconhecidos pelo sistema de ensino, possam dar aulas exclusivamente para cursos de formação técnica e profissional, desde que os cursos estejam ligados às áreas de atuação deles.
Também ficou definido pelos deputados e senadores que profissionais graduados sem licenciatura poderão fazer uma complementação pedagógica para que estejam qualificados a ministrar aulas.
Tramitação foi questionada
Especialistas dizem que as mudanças deveriam ter sido discutidas abertamente com a sociedade, e não implementadas via MP. O Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual afirma que a medida provisória que estabelece uma reforma no ensino médio é inconstitucional.
Na Câmara, a proposta recebeu 567 emendas de deputados e senadores com o objetivo de alterar o conteúdo da proposta. Foram realizadas nove audiências públicas durante a tramitação.
Outra crítica é que na prática, uma escola da rede pública não terá como oferecer todos os itinerários formativos, o que pode reduzir o potencial de escolha do estudante. Consultados pelo G1, ex-ministros da Educação alertaram para o risco de que a reforma amplie as desigualdades de oportunidades educacionais. O ministro Mendonça Filho rebateu a acusação.
TRE-RJ CASSA MANDATO DA CHAPA DO GOVERNADOR DO RIO, LUIZ FERNANDO PEZÃO
Por G1 Rio
Por 3 votos a 2, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) decidiu nesta quinta-feira (8) pela cassação do mandato da chapa do governador do estado, Luiz Fernando Pezão, e do vice, Francisco Dornelles, por abuso de poder econômico e político. Os dois ficam inelegíveis por oito anos.
Pezão e Dornelles informaram que vão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) assim que for publicada a decisão – eles têm três dias para entrar com o recurso. Segundo as assessorias de imprensa do TRE e do governo do estado, até que o recurso seja julgado em Brasília governador e vice podem permanecer no cargo.
O TRE determinou a realização de eleições diretas para a escolha dos representantes do Poder Executivo estadual. A decisão, no entanto, só produz efeito após o “trânsito em julgado”, ou seja, quando não couber mais recurso.
“Teve um efeito suspensivo, o TRE manteve ele no cargo (…) [Pezão] Vai recorrer e a gente espera que ele tenha sucesso para o bem do Rio de Janeiro”, declarou o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj) e aliado de Pezão, Jorge Picciani, em entrevista ao RJTV.
Picciani negou um possível adiamento da sessão previstas na Alerj para esta quinta-feira (8). Na pauta, entre outros temas, está a privatização da Cedae.
“Evidentemente que um enfraquecimento político é mais um ingrediente político nessa grave crise que enfrenta o Rio de Janeiro”, disse Picciani.
O pedido inicial da ação foi protocolado pelo PSOL. “Houve abuso de poder econômico na campanha do governador. Por isso que a decisão do TRE é pela cassação da chapa (…) Claro que depende do TSE para que ele possa ser definitivamente cassado, mas é a prova de que é um governo ilegítimo”, declarou o deputado Marcelo Freixo.
Segundo o líder do PSOL na Alerj, caso o TSE negue recurso de Pezão, as eleições podem ser indiretas, apesar da decisão do TRE desta quinta.
“A indicação do TRE é a eleição direta, mas pode ser que a eleição seja indireta, pois já está no segundo ano do governo e a Assembleia Legislativa é que votaria. O ideal e mais democrático é que seja uma nova eleição direta. Isso que a população deseja”, explicou Freixo.
MINISTRO DA JUSTIÇA, ALEXANDRE DE MORAES, ESCOLHIDO POR TEMER PARA O SUPREMO
O presidente Michel Temer decidiu indicar o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para a vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
Ele foi escolhido por Temer para o cargo que era ocupado por Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo no dia 19.
A expectativa é que o nome de Moraes seja anunciado ainda nesta segunda (6).
A indicação ganhou força no fim de semana, superando o favorito até então, o presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Ives Gandra Filho.
Ives Gandra e outros nomes cotados foram avisados na noite de domingo (5) por interlocutores de Temer da escolha de Moraes.
Nos bastidores, o ministro da Justiça recebeu respaldo de líderes partidários no Congresso e de ministros do próprio STF.
Depois que houver a oficialização de sua indicação, Moraes será sabatinado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e terá seu nome apreciado pelo plenário do Senado.
A expectativa é que ele não tenha dificuldades em ser aprovado.
CORPO DE DONA MARISA LETÍCIA É VELADO E CREMADO EM SÃO BERNARDO
A cerimônia de cremação do corpo da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva terminou por volta das 17h40 deste sábado (4), no Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo. Antes de deixar o local, sob chuva, Lula se despediu do público que o aguardava do lado de fora.
A ex-primeira-dama foi velada no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. O velório começou por volta das 9h30 e foi encerrado às 15h30. Às 15h56, Lula e a família deixaram a sede do sindicato com o carro funerário.
O auditório do sindicato do ABC, palco de assembleias e discursos emblemáticos, foi aberto ao público às 10h30 depois de uma hora fechado só para a família de Dona Marisa.
Comoção
A foto de Lula e Marisa estampada na parede principal foi tirada em Istambul, em 2009, e é a mesma usada pelo Instituto Lula nas redes sociais. Foi no Sindicato dos Metalúrgicos que o casal se conheceu, em 1973. Na época, os dois eram viúvos. Sete meses depois, Lula e Marisa se casaram.
O caixão com o corpo de Dona Marisa Leticia foi coberto com as bandeiras do Brasil e do PT. O ex-presidente Lula e os filhos do casal recebem os cumprimentos de amigos e políticos, entre eles, a ex-presidente Dilma Rousseff, o presidente do PT, Rui Falcão, o vereador Eduardo Suplicy, o deputado Waldir Maranhão, Jair Meneguelli, ex-presidente da CUT, Vicentinho, deputado federal Gilberto Carvalho, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Luiz Fernando Pezão, governador do Rio de Janeiro, Renato Janine Ribeiro, o ex-ministro da Educação, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, Eleonora Menicucci, ex-ministra da Secretaria de Política para Mulheres, Ciro Gomes, ex-ministro da Integração, entre outros. Dilma e Eleonora Menicucci chegaram juntas ao velório por volta das 11h30.
Pouco antes do horário previsto para o fim do velório, o público fez homenagens ao ex-presidente Lula e a Dona Marisa. Os participantes cantaram gritos de guerra e desejaram força ao ex-presidente. “Marisa guerreira da pátria brasileira” e “o povo unido jamais será vencido”, diziam os gritos.
Na sequência, um vídeo foi exibido com entrevista de Marisa Letícia, Lula, depoimentos de sindicalistas que a conheciam, fotos e imagens da família. A despedida no velório terminou com um ato ecumênico.
Lula
Lula falou antes do encerramento da cerimônia, agradeceu a presença das pessoas e contou um pouco sobre a história da mulher. “Agradeço a todos que vieram prestar solidariedade […] Já chorei a quantidade que daria pra recuperar a represa Cantareira. Palavra de agradecimento a cada mulher, homem, parentes, minha vida não seria um décimo do que é se não fosse esse sindicato, se não fosse esse salão. Vocês não têm ideia da representatividade desse espaço. Aprendi a falar, perdi medo do microfone, aprendemos a lutar contra a ditadura, pensamos em criar PT, fazer greve da categoria. E a partir daqui saiu muita inspiração para outros sindicatos. Aqui eu conheci a Marisa, casei com Marisa. Aqui tivemos nossos filhos e aqui ela sustentou a barra. Sou resultado das greves, mas também sou resultado de uma menina que parecia que era frágil, mas que me ajudou a fazer tudo”, disse.
Choroso, Lula disse que “ela praticamente criou os filhos sozinha. Na verdade, acho que ela foi mãe, pai, tia, avó, foi tudo. Cuidou de tudo e nunca reclamou. [Foi] uma vida de muita compreensão. Casamento é maior exercício de democracia que existe. Aprende a ceder, aprende a conquistar alguma coisa. Se não tiver paciência essa lógica o casamento não dura muito tempo”, completou.
O ex-presidente também comentou sobre as investigações da Operação Lava Jato e disse que “Marisa morreu triste pela canalhice que fizeram com ela e a imbecilidade e a maldade que fizeram com ela. Tenho 71 anos e vou viver muito, espero, e quero provar que os facínoras que levantaram leviandades contra a Marisa tenha a humildade de pedir desculpas a ela”.
Discurso:
“Queridos companheiros, queridas companheiras que vieram prestar sua última mensagem e homenagem à companheira Marisa. Eu tinha dito que não falaria porque a preocupação de não falar e chorar é muito grande. Mas eu acho que já chorei a quantidade de lágrimas que daria para recuperar a represa Cantareira por dois anos.
Eu queria dar uma palavra de agradecimento a cada mulher, cada homem, cada companheiro, cada companheira – cada parente da Marisa, cada parente meu – e dizer ao companheiro Rafael, presidente desse sindicato, que minha vida não seria um décimo do que é se não fosse esse sindicato. Se não fosse esse salão.
Vocês não têm dimensão da representatividade desse espaço que nós estamos tem na minha vida; Aqui eu aprendi a falar. Aqui eu perdi o medo do microfone. Aqui nós decidimos combater a ditadura militar. Aqui nós criamos um novo sindicalismo. Aqui nós pensamos em criar a CUT. Aqui nós pensamos em criar o PT – aqui nós pensamos em fazer todas as greves feitas nessa categoria.
Aqui saiu inspiração para que muitos sindicatos se transformassem num sindicato combativo. Aqui eu conheci a Marisa. Aqui eu casei com a Marisa. Na minha posse, em 24 de abril de 1969, a Marisa tinha casado comigo. Nos casamos em 1975 – conheci Marisa em 73 e aqui nós criamos nossos filhos. Aqui a Marisa sustentou a barra para que eu me transformasse no que eu me transformei.
Eu sou o resultado da consciência política dos trabalhadores brasileiros. Na hora que ele evolui, eu evoluo. Eu sou resultado das greves, mas também sou resultado de uma menina que parecia frágil e que me deu a garantia que eu poderia viajar para ajudar candidatura, para ajudar criar sindicalismos combativos. Que ela segurava a barra. E nunca reclamou.
O meu primeiro filho, que é o Fábio, do meu casamento com ela, porque, quando eu casei ela já tinha o Marcos – que já tinha uns dois anos e pouco quando eu casei. Porque eu não sei se vocês sabem, a Marisa ficou viúva novinha, porque assassinaram o marido dela que estava dirigindo um táxi. Logo veio o Fábio, depois veio o Sandro, depois veio o Luiz Cláudio. E eu nunca estive presente. Por causa do PT, por causa da CUT, por causa das greves.
Eu lembro que quando o Fabio nasceu a gente estava pescando aqui na represa Billings, lá no montanhão. Aqui estava a Maria, o Antônio, a Inês. E era mais ou menos 18h, ela estava com água no pé do umbigo tentando pegar uma tilápia de uns 10 centímetros, para a gente comer. A gente assava e comia na beira da represa.
Era um domingo e nós fomos embora para casa. Fomos tomar banho. quando foi umas 6h30 manhã estourou a bolsa. Ela me chamou para levar ela no médico. Eu levei no PS de São Bernardo. Só que eu tinha uma reunião da diretoria do sindicato. Deixei a Marisa lá, e só fui lembrar Rui, as 11 horas da manhã. Quando cheguei em casa, já tinha nascido o Fábio.
O Sandro eu fui para Bahia no congresso do sindicato dos químicos. Ele adiantou um mês, um mês em pouco. Houve uma antecipação no parto. Eu estava no congresso dos petroleiros, na Bahia, quando em 1978 , dia 15 de julho, eu recebo a notícia que a Marisa tinha tido o Sandro. Ele foi antecipado alguns dias e eu não tinha como comemorar.
Era 9h eu fui no bar, no hotel da Bahia. Tomei um conhaque sozinho e comemorei o nascimento do Sandro. Aí nós combinamos que no próximo filho eu ia cuidar de ver o parto. Eu estava com ela em Cuba, o Sandro era pequeno. E a gente foi visitar um show lá em Cuba, no Tropicana. E não pudemos entrar por causa do Sandro.
Aí, então, nós voltamos e, por obra de deus, nós fizemos o companheiro Luis Claudio, que está aqui. Aí foi muito engraçado, porque lá em cuba eu descobri que o Sandro tinha um problema no coração. E, por conta dessa descoberta, nós viemos aqui em SP, e o Dr. Jatene operou a aorta dele. Ele tem até hoje, um cano, que está funcionando bem.
Mas o que é importante é que eu tinha assumido o compromisso com ela que eu ia assistir o parto do Luiz Cláudio. Apareceu uma companheira, que eu nem sei se está aqui no meio. Uma companheira, ex-militante do partidão, Albertina de Souza. Uma médica excepcional que falou para Marisa: eu quero fazer o seu parto gratuitamente. É um presente meu para você e para o Lula.
Aí eu fui na clínica São Luís. Era mais ou menos 17h30. Quando estou na clínica São Luis, Rui, eu recebo um telefonema do Djalma Boca – não sei se ele está aqui também. Ele era presidente do PT estadual e falou: Lula, o PMDB quer uma reunião urgente, porque quer discutir a aliança com o Losca (sic), aqui em São Paulo.
Eu, mais uma vez, pedi desculpa a Marisa. falei: Meu amor, ainda não é dessa vez. E fui fazer a reunião. Quando cheguei à meia noite no hospital, já tinha nascido o companheiro Luís Cláudio. Então, depois disso, Dom angélico, às vezes eu tenho culpa, às vezes eu acho que assim mesmo. Ela, praticamente, criou os filhos sozinha. Porque era ela que ia na escola.
Na verdade eu acho que ela foi mãe. Ela foi pai, ela foi tia, foi avó, foi tudo. Porque ela cuidou de todos e nunca reclamou da vida. A Marisa começou a trabalho com 11 anos de idade como empregada doméstica. Era babá. 11 anos de idade. Depois foi trabalhar na Dulcora. depois casou. Perdeu o marido, ficou viúva e conheceu esse ser humano bonito – que sou eu – e casou.
Eu brinco com a Marisa. Faz 43 anos que eu brinco com ela, todo ano, que ela acaba de ser eleita, todo o ano, que ela acaba de ser eleita a mulher mais bem casada do mundo.
Nós tivemos uma vida extraordinária. Uma vida de muita compreensão porque eu tenho em mente, que o casamento é o maior exercício de democracia que um ser humano pode fazer. É no casamento que você aprende a ceder. E tem que ceder todo o dia. E tem que brigar todo o dia para conquistar alguma coisa.
Você cede pra mulher. Você cede para o filho. Eles cedem para vc. E se você não tiver a paciência de exercer essa lógica de ceder um para o outro, o casamento não dura muito tempo. É por isso que gente casa e se separa muito rapidamente. É porque não tem o exercício da democracia.
Eu e a Marisa nunca brigamos. Eu já brigava muito no PT, muito no sindicato. Quando eu chegava em casa, às vezes ela queria brigar comigo, mas eu falava, Marisa, não adianta que eu não quero brigar. E não brigava, Rui. Eu aprendi, de uma mãe analfabeta, que dizia: nunca levante a voz pra sua mulher. Ela é a sua parceira e se não levantar a voz, nunca levante a mão para sua mulher. Eu não aprendi na universidade. Eu aprendi com uma mãe analfabeta ensinando um filho como se trata a parceira da gente.
Pois bem, a Marisa se foi. Eu, certamente, Dom Angélico, sofro menos do que as pessoas que não acreditam em deus. E do que as pessoas que não acreditam em outro mundo. Porque eu acredito em outra vida. E eu acho que ela vai encontrar. Ela deixou aqui muita gente que ela gosta. Muita gente. Sobretudo os filhos delas, os netos. Eu já estou bisavô. E ela, certamente, vai encontrar figuras extraordinárias lá em cima. Vai encontrar a mãe dela. Que é uma baixinha, chamada Regineta, que morava comigo um tempo. De uma doçura. Era muito parecida com a Marisa.
A dona Regineta levantava às 5h da manhã e ela começava a trabalhar. A Marisa, Rui, não há nada nesse mundo que faça a Marisa levantar depois das cinco. Ela pode dormir as duas da manhã que as cinco horas a Marisa está de pé fazendo alguma coisa. É a Regineta fiel. E eu penso que nós vivemos esse tempo todo vendo uma companheira humilde.
Quando eu fui eleito presidente, a Marisa era vítima de chacota. A direita ‘dizia será que ela vai conseguir limpar aquele vidro do palácio da alvorada? Será que ela vai ser ministra? Ela vai dar conta do recado? E eu dizia pra Marisa: Você não vai ser ministra, Marisa. Porque a obra mais importante que a mulher de um presidente pode fazer é dar segurança para o presidente da república não fazer as bobagens que os presidentes fazem nesse país.
Porque, no fundo no fundo, ela era mais do que uma ministra. Eu ficava pensando|: eu coloco a Marisa para ser ministra de alguma coisa, aí a imprensa começa a bater nela. Bate nela num canto e bate no Lula, no outro. Bate nela num canto…não! Ela em casa, a gente sentava, conversava, discutia. E ela tinha muito mais importância que os ministros. A Marisa sempre dizia para mim. ‘Oh lula você não esqueça nunca de onde você veio e para onde você vai voltar’.
Uma vez, e eu vou contar isso, para terminar. Uma vez, a gente estava jantando no Palácio da Alvorada, a Marisa começou a rir, começou a rir e eu não sabia porque a Marisa estava rindo. Mas sabe quando uma pessoa ri e parece que vai morrer de rir? E ela disse, sabe porque eu estou rindo, Lula? É porque esses companheiros que trabalham na cozinha e esses garçons nunca imaginaram que esse palácio fosse ter uma presidenta, uma mulher de um presidente que pedisse para eles cozinhar pé de frango para ela comer.
Isso mostrava a diferença de quem estava dentro do Palácio da Alvorada. E ela dizia para mim. ‘Lula, a gente não pode fazer nada, nada mais importante do que a gente fez quando a gente não era presidente. Porque a gente não pode, por ser presidente, tentar utilizar porque pretexto para ter um padrão de vida superior àquele que a gente tinha quando você era simplesmente presidente do sindicato de São Bernardo do Campo.
Eu tenho orgulho, tenho orgulho, que a Marisa viajou comigo esse mundo inteiro. Acho que nunca uma primeira dama viajou 10% do que Marisa viajou, e a Marisa nunca me pediu $10 para comprar nada lá fora. Nada. A Marisa, desde 1975, a minha conta bancaria é no nome da Marisa. Porque eu nunca aceitei que a mulher ficasse mendigando R$ 10 para o marido para ir à feira. Ela ia e gastava o que precisasse.
Então, Marisa nunca me pediu um anel. Marisa nunca me pediu um vestido. Nunca pediu nada. A única coisa que ela queria era me ver cuidar dos filhos. Ela se foi… os filhos não precisam mais desse cuidado porque agora eles vêm aqui cuidar de mim. Eu estou véinho (sic). Eles tem que cuidar. Mas eu quero dizer que eu sou grato por vocês, pelo carinho que vocês tiveram comigo. Não é pouco tempo que eu estou aqui, gente. Eu estou aqui desde 24 de abril de 1969. Sou presidente. Fui presidente desde 24 de abril de 1975. A maioria nunca nasceu. Sabe? Eu tenho consciência que eu sou resultado de vocês. Eu tenho consciência. E tenho consciência que junto com vocês essa galeguinha que parecia frágil, mas quando ficava vermelha e falava grosso colocava medo em muita gente, Dona Maria.
Então, de coração, muito obrigado a cada mulher e a cada homem sabe que veio a esse ato aqui hoje. E eu vou. Eu vou continuar agradecendo a Marisa até o dia que eu não puder mais agradecer. O dia que eu morrer. E espero encontrar com ela, com esse mesmo vestido, que eu escolhi para colocar nela, vermelho, para mostrar que a gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, não tem medo de vermelho quando morre.
Ela está com uma estrelinha do PT no seu vestido e eu tenho orgulho dessa mulher junto comigo e outros milhares, muitas vezes essa molecada dormia no chão, da praça da matriz, e a Marisa e outras companheiras vendendo bandeira, vendendo camiseta, para gente construir um partido que a direita quer destruir.
Na verdade, Marisa morreu triste, Rogério (sic). Porque a canalhice que fizeram com ela e a imbecilidade e a maldade que fizeram com ela, eu vou dedicar. Eu tenho 71 anos. Não sei se Deus me levará em curto prazo. Eu acho que vou viver muito porque eu quero, eu quero provar que os facínoras que levantaram leviandades com a Marisa tenham um dia a humildade de pedir desculpas a ela.
Eu digo todo dia. Se alguém tem medo nesse país. Se alguém praticou corrupção nesse país. Se alguém tem medo de ser preso, eu quero dizer o seguinte: esse que está enterrando a sua mulher hoje, não tem.
Porque eu tenho a consciência tranquila. Tenho certeza da consciência e do trabalho da minha mulher. E não sou eu que tenho que provar que eu sou inocente. Eles é que precisam provar que as mentiras que eles estão contando são verdadeiras. Portanto, querida companheira Marisa, descanse em paz porque o seu Lulinha paz e amor vai continuar brigando muito para defender a sua honra e a sua imagem.
CORPO DE DONA MARISA LETÍCIA É VELADO EM SÃO BERNARDO
Começou por volta das 9h30 deste sábado (4) o velório do corpo da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Segundo a assessoria de imprensa do sindicato, no primeiro momento, o velório será fechado para familiares. Depois, o público e os jornalistas terão acesso.
Comparecem ao velório no sindicato o presidente do PT, Rui Falcão, o ex-deputado federal e ex-presidente do PT José Genoíno, o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy, o deputado pelo PP Waldir Maranhão, o ex-senador petista Luiz Lindbergh Farias Filho.
O velório deve ocorrer até as 15h. Depois, haverá uma cerimônia de cremação reservada à família no cemitério. O Instituto Lula informou que não será divulgado dados sobre a doação de órgãos de dona Marisa.
O corpo deixou o hospital Sírio-Libanês, onde ela estava internada desde o dia 24 de janeiro, por volta das 7h30 e chegou ao sindicato às 9h. O ex-presidente Lula chegou ao local 20 minutos antes do corpo.
Segundo Suplicy, Marisa estava sempre junto de Lula. “Algumas vezes que jantei no Alvorada ela estava sempre amável nos recebendo. Então, eu venho aqui mais uma vez dar meu abraço a Lula e a todos os companheiros recordando os momentos significativos na vida do Brasil”, disse.
“Fiquei bastante impactado com a visita do Temer, FHC, José Sarney, José Serra e Henrique Meirelles e que o Lula teve a oportunidade de dizer a eles que, por mais que tenhamos opiniões diferentes sobre o que está se passando no Brasil, quero agradecer a todos e me coloco à disposição para dialogar com vocês”, afirmou Suplicy. Ele afirmou que Lula disse da disposição dele para conversar com Temer, mesmo que “todos soubessem que ele queria que quem tivesse ali era outra pessoa”.
Algumas homenagens vem de longe. José Leôncio Sobrinho Veio de Garanhuns, cidade natal do ex- presidente, só para prestar homenagem à família de Lula: ” dona Marisa veio lá de trás, jovenzinha, com o Lula. Fez essa trajetória todinha com esse companheiro guerreiro e forte. Então, a gente não pode esquecer um momento como esse. Garanhuns não é tão distante que a gente não possa estar aqui”, disse ele, que é diretor do Sindicato de Alimentos e Bebidas de Garanhuns e região.
Dona Marisa foi internada no dia 24 de janeiro no Hospital Sírio-Libanês, no Centro de São Paulo, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral hemorrágico provocado pelo rompimento de um aneurisma. O óbito foi constatado às 18h57 de sexta-feira (3), segundo boletim médico. Lula e sua família autorizaram a doação dos órgãos.
O protocolo oficial para constatar a morte cerebral, os médicos submeteram dona Marisa a dois testes: o primeiro ocorreu às 12h05 e o segundo, às 18h05 de sexta. O protocolo determina que o último exame seja conduzido por outro médico para comprovar a perda definitiva e irreversível das funções cerebrais. De seus 66 anos de vida, Maria Letícia passou 42 ao lado de Lula