
O título desta crônica serve como uma luva para o nosso lendário rio Pajeú. Sem exagero o nosso guerreiro está sofrendo com descaso dos moradores de Afogados da Ingazeira para com ele. Esgotos e lixo de toda espécie são jogados em seu leito sem qualquer cerimônia. Do rio de outrora, descrito por Zé Dantas e Luiz Gonzaga na letra da música “Riacho do Navio” e por Sebastião Dias no poema “Cenário do Pajeú” nada restou. O estágio atual tem plena compatibilidade com o poema “Rio Pajeú” do poeta Diomedes Mariano do qual extraímos a estrofe a seguir transcrita: “…E hoje acumulam lixo/Como mato, arame e fio/Estão vomitando esgotos/Na boca do pobre rio/Que se encontra transformado/Tanto entulho acumulado/Por onde o líquido correu/Vamos salvar nosso irmão/Que está de vela na mão/Mas ainda não morreu…”
Também guarda perfeita sintonia com o rio de hoje a estrofe de minha autoria, abaixo transcrita, feita para cordel coletivo organizado pelo poeta Amaurílio Sousa, com apoio de Academia de Letras do Sertão Pernambucano – ALESPE, em mote da poetisa Maria de Jesus: “Não existem ingazeiras/Frondosas em suas margens/E são cinza as imagens/Do entorno das cachoeiras/Verdes gramíneas rasteiras/Não compõem a sua flora/Seu leito é vítima agora/De crimes ambientais/O PAJEÚ NÃO É MAIS/O RIO QUE FOI OUTRORA.”
Ainda é possível salvar o rio? Claro que sim. Para esta missão entendo que o poder público é incapaz de sozinho resolver essa parada. Necessário se faz o envolvimento da sociedade por meio de organizações do terceiro setor. Como isto poderia ser feito? Através de um projeto consistente transformar, no primeiro momento, a área nos fundos da Rua Henrique Dias em um canteiro de mudas nativas da caatinga e mudas exóticas que seriam utilizadas na arborização de áreas públicas e privadas da cidade. Dinheiro existe para tal finalidade o que falta são projetos bem elaborados que demonstrem com clareza os benefícios relacionados com a recuperação da área degradada, geração de emprego e renda e redução dos focos de doenças em virtude do uso indevido do espaço como lixão.
