Home » Pernambuco » Carnaval de Pernambuco tem Capiba, Almir Rouche, Dona Nira e Mestra Ana Lúcia como homenageados em 2025

Carnaval de Pernambuco tem Capiba, Almir Rouche, Dona Nira e Mestra Ana Lúcia como homenageados em 2025

Governo de Pernambuco ressalta o frevo e folguedos populares reverenciando nomes importantes para a disseminação da cultura do Estado

Coco, maracatu, pastoril, frevo. Essas importantes manifestações da cultura pernambucana estão representadas nos nomes dos homenageados do Carnaval de Pernambuco em 2025: Capiba (in memoriam), Almir Rouche, Dona Nira e Mestra Ana Lúcia. Um dos maiores compositores de frevo, Capiba imortalizou o ritmo em várias de suas músicas, enquanto o cantor Almir Rouche dissemina mundo afora não apenas o frevo como a cultura pernambucana. Já as manifestações genuínas da cultura popular são representadas por Dona Nira, que, além de brincante há mais de 75 anos, foi costureira do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança; e por Mestra Ana Lúcia, Patrimônio Vivo de Pernambuco, coquista de roda e líder do pastoril Estrela de Belém e do Acorda Povo.
De acordo com a secretária estadual de Cultura, Cacau de Paula, “a cultura popular é o DNA do povo pernambucano, que tem o frevo correndo em suas veias”. “Nossos homenageados representam a resistência e a perpetuação da cultura do Estado, passando de geração em geração o significado, os folguedos e a música que formam nossa história”, pontuou.
Para a presidente da Fundação de Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Renata Borba, “os nomes escolhidos marcam a diversidade cultural e o respeito às tradições do Carnaval pernambucano”. “Essa homenagem é uma maneira de reconhecer e reverenciar o importante papel que Capiba, Almir, Dona Nira e Mestra Ana Lúcia têm, cada um em sua manifestação, para nossa cultura”, avaliou.

PERFIS

Capiba (in memoriam)
Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, nasceu em 1904, em Surubim, e faleceu em 1997. Com uma vida inteira dedicada à música, Capiba deixou um legado de mais de 200 composições e é considerado um dos maiores compositores de frevo do Brasil. No ano passado, em celebração aos 120 anos do mestre Capiba, o Governo do Estado anunciou reforma e ampliação da Casa Capiba, que será incorporada ao patrimônio do Conservatório Pernambucano de Música (CPM) – mais tradicional instituição de ensino musical do estado, vinculada à Secretaria Estadual de Educação -, beneficiando cerca de 1,6 mil estudantes.
A história de Capiba com a música teve início ainda na infância, pois seu pai, Severino Atanásio de Souza Barbosa, era maestro da banda municipal de Surubim. Aos 8 anos, tocava trompa e, aos 10, começava a compor e tocava vários instrumentos.
Entre 13 e 14 anos já se apresentava com a Banda Bacurau em Campina Grande, na Paraíba. Na mesma cidade, aos 16, começou a trabalhar como pianista do Cine Fox. Já aos 20 anos, editou sua primeira música, a valsa instrumental “Meu Destino”.
Aos 27 anos, em 1931, fundou a Jazz Banda Acadêmica. Em 1934, Capiba compôs o primeiro frevo-canção, “É de Amargar”, um tributo ao seu irmão Sebastião que faleceu aos 39 anos. A composição venceu o concurso do Diario de Pernambuco naquele ano e marcou o início da carreira de Capiba como compositor de músicas de Carnaval.
Além do frevo, estão entre as melodias de Capiba valsas e serestas. Além de músico, era formado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e apaixonado por futebol, tendo jogado como atacante, quando jovem, em times em Campina Grande e no Recife.
“Essa homenagem é merecida para que ninguém esqueça quem foi Capiba. Ele foi um compositor bom tanto em música popular quanto em música clássica”, disse a viúva do artista, dona Zezita.

Almir Rouche
Cantor e compositor, Almir Cavalcanti de Lima tem 38 anos de carreira disseminando o frevo e a cultura do Nordeste ao redor do Brasil e do mundo. Autor ou coautor de centenas de composições, entre elas “Galo eu te amo”, “Deusa de Itamaracá” e “A vida inteira te amar”, Almir Rouche é considerado um dos melhores intérpretes da atualidade.
Nascido em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, Almir começou seu contato com a música ainda na infância. Quando criança, morou por alguns anos em São Paulo onde participou de dois festivais locais, ganhando o primeiro lugar com melodias de Roberto Leal. Aos 17 anos, já de volta ao Recife, começou a se apresentar nos tradicionais bailes carnavalescos pernambucanos e iniciou oficialmente a carreira artística na Turma do Pinguim. Entre as décadas de 1980 e 1990, foi o início de Almir nos trios elétricos, sem o ano de 1987 sua estreia puxando um trio no Galo da Madrugada.
“Desde muito cedo minha vida é cantar e quando aprendi a cantar, a primeira coisa que quis fazer foi cantar a minha terra, cantar Pernambuco e meu País. As palavras me faltam para definir a emoção de ser homenageado do Carnaval por meio do Governo do Estado. Me sinto lisonjeado e grato por esse reconhecimento”, definiu Almir.
Além do frevo, seu repertório tem uma mistura própria e personificada de ritmos pernambucanos como coco, ciranda e maracatu. Almir já esteve à frente das bandas Turma do Pinguim e Almir Rouche e Banda Humm e desde 2022 segue em carreira solo. Ao longo da carreira, são 27 CDs e 07 DVDs gravados.

Dona Nira
Com décadas dedicadas aos folguedos populares, Maria Janira da Silva, a Dona Nira, de 88 anos, é referência entre as mulheres brincantes. O começo de sua vivência foi no Engenho Cumbe, em Nazaré da Mata, no entanto foi sua passagem pelo Maracatu Estrela de Ouro de Aliança que consolidou sua história como brincante tendo se tornado, por quase 15 anos consecutivos, uma das mais importantes baianas da agremiação.
Grande amiga do Mestre Batista, fundador do Estrela de Ouro em 1951, Dona Nira foi a baiana de frente e costureira do grupo. Artesã de mão cheia, anualmente, um mês antes do Carnaval, mudava-se com sua máquina de costura para Chã do Camará, na casa de Batista e sede do Maracatu. O objetivo: confeccionar as roupas das baianas, dos valetes, da rainha e do rei. Depois da costura, tornava-se a dona da Calunga e conduzia as demais baianas.
Com a idade avançada, deixou de dançar Maracatu, mas ainda segue dedicada aos festejos. Produz cachos de flores usados pelas baianas de vários maracatus da região e borda golas para os caboclos e todos os anos faz questão de ir à sede para acompanhar o toque do Maracatu Estrela de Ouro. Para Dona Nira, ser homenageada no Carnaval “é um grande reconhecimento pelo trabalho prestado e amor que tem pela cultura popular do Estado”.

Mestra Ana Lúcia
Patrimônio Vivo de Pernambuco, Ana Lúcia Nunes da Silva, mais conhecida como Mestra Ana Lúcia, tem 80 anos de idade e várias décadas de contribuição para a cultura popular pernambucana. Uma das primeiras a receber a titulação de Notório Saber em Cultura Popular pela Universidade de Pernambuco, em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado, Mestra Ana Lúcia é coquista de roda e líder do pastoril Estrela de Belém e do Acorda Povo, procissão dançante que anuncia a chegada do ciclo junino.
Mestra Ana Lúcia foi discípula de Dona Jovelina, importante personagem na história do coco em Pernambuco. Já em casa, sua grande referência foi o pai Severino Nunes, que costumava trabalhar cantando as melodias do coco trazidas de Nazaré da Mata, sua terra Natal. Além disso, ela cresceu rodeada de mestras e mestres da cultura popular do bairro de Amaro Branco, em Olinda, onde assumiu o Coco do Amaro Branco e depois fundou o Raízes do Coco.
Todo o legado da cultura popular que Mestra Ana Lúcia carrega é ainda passado de geração em geração, por meio dos ensinamentos passados a crianças e adolescentes com a criação dos grupos Estrelinhas de Belém e Estrelinhas do Coco. Os ensaios de ambos acontecem no quintal de sua casa, próximo ao Faro de Olinda, e enquanto o primeiro forma jovens no pastoril, o segundo repassa os ensinamentos do coco. A Mestra ainda atua com mamulengo, teatro e outras atividades que envolvem a comunidade. “Eu já nasci com esse dom porque não deixei a minha cultura por nada. A riqueza da minha cultura, para mim, é tudo. Estou muito orgulhosa e feliz com essa homenagem”, afirma a Mestra.

CARNAVAL DE PERNAMBUCO
O Carnaval de Pernambuco é realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE), Secretaria Estadual de Turismo e Lazer (Setur-PE), Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). Em 2025, pela primeira vez, foi realizada uma única convocatória para compor as programações dos Ciclos Carnavalesco e Junino. Ao todo, foram habilitadas 326 propostas de artistas, grupos culturais e fazedores de cultura em geral para o Ciclo Carnavalesco, e 1.380 para ambos os ciclos, com o objetivo de promover a valorização e o fortalecimento da cultura pernambucana nas 12 Microrregiões de Desenvolvimento do Estado.


Inscrever-se
Notificar de

0 Comentários
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários