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Crônica de Ademar Rafael

SEM LIMITES

No final do primeiro semestre deste ano foi lançado mais um livro apontando privilégios sem limites presente no perverso, desumano e desigual sistema político brasileiro. Trata-se de “O país dos privilégios”, autoria de Bruno Carazza, funcionário público licenciado, colunista do jornal “Valor Econômico” e conhecedor das veredas tortuosas de Brasília.

Dizemos mais um livro porque desde o lançamento em 1958 de “Os donos do Poder”, de Raimundo Faoro, são sessenta e seis anos de denúncias infrutíferas. Os privilégios crescem em escala geométrica. No Brasil existem grupos não alcançados pela letra morta do Art. 5º  da Constituição Federal que diz: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade…”. Tais grupos, na
condição de “donos do poder”, receberam, recebem e receberão tratamento diferenciado.

O escritor Carazza em 2018 publicou “Dinheiro, eleições e poder: As engrenagens do sistema político brasileiro” que escancara procedimentos inadequados acobertados pela legislação dos privilégios e perpetuados em função dos benefícios para os mesmos. O livro publicado há seis anos pode ser entendido com um preâmbulo da obra recente, uma vez que esta última se dispõe mergulhar em esgotos não alcançados pela primeira obra.

“O país dos privilégios”, anunciado como o primeiro volume de uma trilogia, aprofundou via pesquisa criteriosa no lamaçal composto pelas ”regalias e benesses” de algumas carreiras da máquina estatal com abrangências nos três poderes e indica que toda e qualquer reforma administrativa esbarra na força dos detentores de tais privilégios.

Em um país onde os cortes do orçamento abarcam somente recursos destinados ao atendimento de causas relacionadas com os excluídos mexer em privilégio é sonho inalcançável. A leitura de livros da espécie nos mantém vivos para utopicamente sonhamos com justiça social.


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João Ezio
1 dia atrás

Bela crônica. Sou fã incondicional do Ademar. Vou procurar o livro.