O Dia Nacional de Prevenção ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), celebrado na próxima terça-feira (29/10), será marcado por diversas ações nos hospitais de referência ligados à Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) e outros órgãos que fazem parte da rede. Este ano, a campanha global tem como tema #MaiorQueOAVC, com a ideia de inspirar as pessoas a superarem os fatores de risco para a doença, com mudança de hábitos na rotina, em busca de um estilo de vida saudável. Em Pernambuco, são registrados cerca de 14 mil AVC’s por ano.
Para a médica neurologista e coordenadora da Linha de Cuidados em Neurologia da SES-PE, Ana Dolores Nascimento, embora boa parte da população já tenha ouvido falar em AVC, conhecido também como derrame, as pessoas ainda não sabem identificar os sintomas nem o que fazer com um paciente. “As pessoas precisam muito saber que o AVC é uma doença que tem tratamento, mas que os pacientes precisam chegar muito rápido ao hospital. Quanto mais rápido chegar, maior a chance de sair com menor número de sequelas”, afirma Ana Dolores, que também é coordenadora da Unidade de AVC do Hospital da Restauração, no Recife.
“As pessoas também precisam identificar os sintomas do AVC, que são a fala embolada, a boca torta, dificuldade para falar, um braço fraco, perna fraca, que acontecem de maneira súbita. Se apresentar um desses sintomas, o paciente precisa ir rapidamente para uma UPA ou hospital, para serem levados a um serviço de referência”, complementa a médica.
Na campanha deste ano, os super-heróis são usados de forma lúdica, para chamar atenção sobre a importância das crianças também serem ensinadas sobre como identificar uma pessoa que esteja sofrendo um acidente vascular cerebral. “A ideia é que elas cresçam com essas informações, porque, a longo prazo, a gente vai ter uma população que consegue identificar rapidamente um AVC, para tratar logo”, explicou Ana Dolores.
Em Serra Talhada, a SES-PE está realizando um projeto piloto no qual as crianças que estudam na rede municipal estão sendo treinadas sobre o assunto. Na Região Metropolitana, os trabalhadores de todas as áreas, incluindo maqueiros e administrativos, das Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) passaram por capacitação sobre o Código AVC.
PROGRAMAÇÃO – No Hospital da Restauração (HR), profissionais de enfermagem e estudantes das Ligas de Neurologia de várias faculdades de medicina farão abordagens aos pacientes e acompanhantes, no hall social da instituição, na segunda (28/10) e terça-feira (29/10), distribuindo material informativo sobre prevenção da doença e como identificar os sintomas.
No Hospital Pelópidas Silveira, na própria terça (29/10), será feita uma Sala de Espera sobre o tema. Esse é um projeto que leva informação a pacientes e acompanhantes enquanto eles aguardam o atendimento. Um neurologista irá falar sobre AVC e, em seguida, abrir uma roda de conversa para que o público relate suas experiências e tire dúvidas. Ainda no dia mundial, haverá palestra com as equipes assistenciais para reforçar dados sobre a doença e protocolo de atendimento.
O Hospital do Sertão Eduardo Campos (HEC), em Serra Talhada, vai promover um treinamento em alusão a data para os profissionais envolvidos na assistência neurológica da unidade. A atividade, marcada para o dia 31 deste mês, vai abordar os protocolos e melhores práticas de acolhimento ao paciente com suspeita de AVC. Além das atividades teóricas, o momento vai contar com um simulado prático buscando demonstrar o processo de acompanhante que acontece desde o acolhimento inicial até o procedimento de trombólise permitindo uma visão prática e integrada do atendimento em situações de emergência.
TIPOS DE AVC – Há dois tipos de acidente vascular cerebral, sendo o mais comum o isquêmico, responsável por 85% dos casos. É caracterizado pela obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de sangue e, consequentemente, oxigênio para células cerebrais.
“No AVC isquêmico, temos uma janela de 4 horas e meia após o início dos sintomas para fazer a trombólise intravenosa, medicamento que age para dissolver o coágulo sanguíneo e fazer o sangue voltar a circular, evitando que haja a morte dos neurônios”, explica o neurologista Luis Felippe Barros, que atua no Hospital Pelópidas Silveira.
Já o AVC hemorrágico ocorre quando um vaso sanguíneo cerebral se rompe, causando hemorragia no tecido cerebral ou entre o cérebro e a membrana que o envolve. De acordo com Luis Fellipe, na maioria dos casos, o controle da pressão é a principal medida, ação realizada em conjunto com a equipe de cardiologia. Uma neurocirurgia também pode ser necessária.
PÓS-AVC – Após a fase aguda, a reabilitação se torna indispensável para tratar as possíveis sequelas. “O paciente pode melhorar dos déficits ao longo do tempo e o pilar de reabilitação não é medicamentoso. O principal é realizar sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, áreas muito presentes para os pacientes nesse processo de recuperação no Pelópidas Silveira, seja ainda durante a internação ou na fase ambulatorial. Quanto mais precoce forem adotadas essas medidas, melhores são os resultados”, ratifica o neurologista Luis Felippe Barros.
REDE DE ATENDIMENTO – Pernambuco conta atualmente com três unidades de referência para tratamento do AVC isquêmico: Hospital da Restauração, no Recife; Hospital Pelópidas Silveira, na BR 232, no Curado (Recife); Hospital Eduardo Campos, em Serra Talhada. A Unidade de AVC do HR funciona na Emergência Clínica e, em 2023, completou dez anos de atividade. O principal tratamento feito no HR é a Trombólise. A equipe é formada por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos.