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Os desafios da comunicação municipal na guerra pela atenção e nos resultados do governo, por Arthur Cunha

Por Arthur Cunha – Fala PE

Desde muito antes de Maquiavel sistematizar o tema na célebre obra “O Príncipe”, é fato que a comunicação política é um dos pilares fundamentais para o sucesso de qualquer governo. Para os prefeitos eleitos em 2024, que vivem em um mundo onde a comunicação precisa ser profissionalizada, independente do tamanho da cidade que vão administrar a partir de janeiro, a capacidade de manter a conexão com o povo é crucial, especialmente, neste cenário de guerra pela atenção do cidadão.

É fundamental, portanto, que os prefeitos não apenas reconheçam essa dinâmica, mas, sobretudo, implementem estratégias eficazes para garantir que a onda de atenção que os elegeu não se dissipe rapidamente. Diante desse quadro, o trabalho tem que ser compartimentado e organizado nas famosas “caixinhas”, como os gestores públicos gostam de falar.

Todo governo que deu certo em Pernambuco, do saudoso Eduardo Campos, ao seu filho João, prefeito reeleito com maior votação da história do Recife, só para citar exemplos recentes, seguiu essa lógica da profissionalização.

O primeiro passo para uma comunicação eficaz é a formação de uma equipe competente e multidisciplinar, que deve ficar sob a batuta do secretário municipal de Comunicação. Isso inclui profissionais diversos: jornalistas, fotógrafos, videomakers, designers, relações públicas, cerimonialistas, especialistas em redes sociais e analistas de dados. Percebam que a diversidade de habilidades permitirá que a equipe desenvolva estratégias integradas, dialogando com as diferentes setores da cidade. Um bom líder – papel que cabe ao secretário de Comunicação- deve saber delegar responsabilidades e confiar em sua equipe, criando um ambiente colaborativo que fomente a criatividade e a inovação.

A escolha de uma agência de publicidade é outro aspecto crucial, pois vai garantir a institucionalidade para potencializar os resultados positivos do governo. A licitação deve ser feita com transparência e critério, levando em consideração não apenas o custo, mas a experiência e a capacidade da agência em entender o contexto local. A parceria com uma agência competente é permitida do ponto de vista legal e pode amplificar a mensagem da prefeitura, garantindo que as ações do governo sejam comunicadas de forma clara e impactante.

Campanhas bem elaboradas podem ajudar a construir uma imagem positiva, e, consequentemente, um relacionamento mais próximo com os cidadãos. Lá na frente, prefeitos, isso naturalmente lhes dará voto.

O monitoramento das redes sociais se torna essencial em um mundo que vive conectado. As plataformas digitais são o palco onde as opiniões e discussões sobre a gestão pública ocorrem em tempo real; ainda mais se tratando das prefeituras, responsáveis por gerir as áreas de maior proximidade com o cidadão. É fundamental que as administrações, por meio da Secretaria de Comunicação, invistam em ferramentas de monitoramento para entender o que está sendo dito, identificar tendências e responder rapidamente a críticas ou questionamentos. Todos os manuais e a própria experiência empírica comprovam que esse feedback é valioso para ajustar estratégias e demonstrar que a administração está atenta às demandas da população.

Faz-se necessário ressaltar, contudo, que, além das redes sociais, é importante que os gestores realizem um acompanhamento contínuo dos programas e ações implementadas.

Isso envolve a coleta de dados, a avaliação de resultados e a transparência nas informações. A comunicação deve ser uma via de mão dupla; e isso não é apenas um jargão, é fato. Os cidadãos devem ter acesso a informações sobre o andamento das iniciativas e o governo municipal deve estar aberto a ouvir as sugestões e críticas. Manter um diálogo constante com o cidadão é essencial para a construção de uma gestão participativa.

Alô, seu prefeito, o “senhor” deve estar disponível para interagir, seja por meio de audiências públicas, reuniões comunitárias – vide o famoso exemplo do Orçamento Participativo nos governos petistas -, ou plataformas digitais. Essa abertura não só fortalece a relação com a população, também ajuda a identificar problemas e oportunidades que podem não ser visíveis à equipe de gestão.

A gestão de crise é uma “caixinha” que não pode ser ignorada. Em um ambiente político complexo como são as cidades, é natural que surjam desafios e situações adversas; as chamadas pautas negativas. Ter um plano de comunicação de crise bem estruturado é fundamental para responder de forma ágil e eficaz a qualquer eventualidade. Isso envolve a definição de mensagens claras, canais de comunicação apropriados, e, principalmente, a sinceridade na abordagem das questões levantadas pela população. As pessoas são inteligentes: elas sabem o que é e o que não é verdade. Portanto, respeitem o povo! Ganha mais quem assume o problema e propõe um caminho do que quem se esconde.

Os desafios da comunicação nas prefeituras são complexos e exigem uma abordagem estratégica e proativa. A formação de equipes capacitadas, a escolha de boas agências de publicidade, o monitoramento das redes sociais e dos programas; o diálogo constante com os cidadãos e a gestão de crise são elementos que, se bem executados, podem garantir que os prefeitos não apenas mantenham a atenção do público, mas construam uma administração mais transparente, participativa e respeitada. Olha a palavrinha mágica: “respeitada”. Afinal, o sucesso de um prefeito é diretamente proporcional à sua capacidade de se comunicar e se conectar com a população que representa. Não percam mais tempo!

*Arthur Cunha é jornalista e consultor de Marketing Político. Este ano, foi o estrategista das campanhas vitoriosas dos prefeitos reeleitos de Araçoiaba, Jogli Uchôa, e São Bento do Una, Alexandre Batité. Assessora em Pernambuco o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Secretário de Comunicação por nove anos consecutivos em três cidades diferentes; já integrou os times de comunicação de um governador de Pernambuco, prefeito do Recife, deputados e vereadores.


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