Por: Milton Oliveira
Quem de nós ainda não ouviu dizer que nas pequenas coisas se encontram os grandes mistérios da vida, os melhores ensinamentos, as fragrâncias mais agradáveis, as lições fundamentais ao nosso crescimento espiritual.
Da janela do apartamento onde me encontro, vislumbro paisagem limitada, em razão dos edifícios à frente, mas, mesmo assim, testemunho o quanto é magnífica a luz do sol, que grandiosa aquarela se esparge sobre os telhados das casas e nas fachadas dos prédios, e como revigoram as verdejantes cabeleiras frondosas das árvores das praças e quintais. A vida se movimenta impulsionada pela necessidade de sempre seguir adiante.
Quem são as pessoas que caminham pelas calçadas? Quais são seus objetivos? Que anseios lhes estimulam o espírito e quais as frustrações agasalhadas no fundo da alma?
Somos um grupo de pessoas idênticas e, ao mesmo tempo, tão diferentes.
O que anima essa multidão ansiosa? No mais das vezes não é só a falta de segurança no emprego, ou a ausência desse emprego; também, pode ser a busca por melhor salário e posição social, a casa própria, um automóvel, uma boa conta bancária.
Esquecemo-nos de que, ao morrermos, jamais levaremos qualquer bem material. Somente os valores espirituais acompanham a memória daqueles que mergulharam nas sombrias esquinas do amanhã.
Lembremo-nos de que todos os grandiosos ensinamentos nos dão conta da importância do perdão, da compreensão, da humildade e da caridade, qualidades capazes de mudarem os relacionamentos humanos.
E é fundamental sabermos reunir, ao nosso redor, os amigos, muitos amigos, vários, milhares. Eles são a verdadeira riqueza. Somente eles estarão ao nosso lado quando a vida nos passar uma rasteira. Estender-nos-ão a mão, quando estivermos deitados ao solo e julgarmos que, jamais, conseguiremos nos levantar sozinhos. Ouvirão nossas queixas, dar-nos-ão conselhos, ralharão conosco, mas se encontrarão, sempre, ao nosso alcance. Acudirão aos nossos reclames e enxugarão nosso pranto, mesmo havendo chorado conosco.
Jamais nos esqueçamos de que a surpresa se encontra depois da porta, além das esquinas, por trás do brilho dos sorrisos ou mesmo escondida na cortina das lágrimas. E quando ela nos envolve nas suas teias, muitas vezes temos dificuldade de nos desvencilhar.
Por outro lado, absorvidos por sentimentos menores, como a inveja e a ambição, estaremos fadados às armadilhas, aos ultrajes, às ignomínias, de sorte que, sozinhos, não conseguiremos ir longe.
Ninguém é melhor do que ninguém. Padecemos à mercê da indeclinável ação do instinto e da fatalidade; temos inadiável obrigação de lapidar a pedra bruta, que há dentro de nós.
Sejamos, então, humildes e sinceros, fraternos e condescendentes.
Prestemos atenção: a vida está passando, o fim pode ser no próximo minuto.