AMEAÇADOS
Em levantamento sobre o índice de leitura da população, recentemente, realizado em cinquenta e sete nações, o Brasil ocupa a posição cinquenta e dois ficando à frente de somente cinco nações. Talvez por isto em nosso país os dois principais livros existentes estejam ameaçados. No caso a ameaça não advém da falta de leitura e sim do quantitativo das suas interpretações. Quais são estes livros Ademar? Respondo a seguir.
O primeiro é maior livro de todos os tempos, a Bíblia. Membros de igrejas que operam no país e leigos dão ao livro sagrado interpretações aderentes com suas conveniências e interesses dos grupos que representam. Em minha limitada avaliação defendo a tese de que nem os hereges dos primeiros séculos foram tão corajosos. O exagero tamanho que podemos classificar como fundamentos cristão às avessas. Pessoas que se dizem cristãs apresentam versões distantes do real cristianismo.
O segundo livro é a Constituição Federal. Nossa lei maior em seus trinta e seus anos já foi alterada cento e quarenta vezes, sendo cento e vinte e oito emendas, seis alterações no período revisional de 1994 e seis tratados internacionais. Apenas em 2022 foram feitas quatorze emendas. No caso da Carta Magna cabe registrar que ela traz incoerências desde a promulgação: Tem gosto parlamentarista em um país presidencialista, tem coloração progressista em um país conservador e tem cheiro de “constituição cidadã” em um país que nega a cidadania desde 1500.
Mas as incoerências acima não representam as maiores ameaças, elas são derivadas da forma como o judiciário o executivo e a legislativo fazem interpretações que atendam seus objetivos. Esticam tanto que após os atos o texto não volta a situação original por mais que tente ser resiliente. Quando analisamos os malabarismos das exegeses chegamos a pensar que o texto em debate não é mesmo, nossos gestores públicos e seus advogados são mais criativos que os ameaçadores da Bíblia Sagrada. Os motivos são parecidos, poder e dinheiro.