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Crônica de Ademar Rafael

SEBASTIÃO SIQUEIRA

Retornamos ao tema “Pessoas do meu sertão” para falar sobre um cidadão do Pajeú que muito nos ensinou com seu jeito de ser. Trata-se de Sebastião Siqueira conhecido em nosso meio como Beijo do Cartório e para os mais antigos Beijo de Zé Fiscal.

Antes de ser meu amigo ele foi amigo do meu pai, sua versão sobre Quincas Rafael está detalhada em texto que produzi para apresentação do livro “Afogados deu de tudo”. Aqui vamos tratar do que ele nos deixou como exemplo, entre suas habilidades duas se destacam.

A primeira, sua capacidade para produzir motes sobre os quais os cantadores de viola criavam estrofes excepcionais porque seus motes traziam o cheiro da terra sertaneja após as primeiras chuvas, revestidos com lirismo e alta dose de sensibilidade.

A segunda era sua paciência para explicar às pessoas simples como funciona o universo jurídico. Com seu sorriso cativante explicava em detalhes as minúcias do judiciário, os prazos alongados para decidir sobre coisas simples e, principalmente, as particularidades existentes numa ação. Era um decodificador dos termos jurídicos para os leigos.

Convivemos muitos anos em Afogados da Ingazeira, eu no Bazar das Miudezas e Banco do Brasil e ele no Cartório de Humberto. Frequentávamos os mesmos ambientes e por este motivo posso afirmar que Beijo era um cidadão pleno quanto aos valores morais e nas ações na defesa da nossa cultura raiz. A dupla vitoriosa Sebastião Dias e João Paraibano foi por ele muito incentivada nos momentos iniciais.

Sua legião de amigos extrapolava o cenário das cantorias e o campo jurídico, fazia amigos tratando de assunto sério ou tomando um café em dos pontos comercias no entorno do Posto de Pedro Salviano. Faz muita falta como poeta, como operador do direito e como cidadão.


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