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Crônica de Ademar Rafael

DESCARTÁVEIS?

Para atender as demandas de atividades que atualmente desenvolvo tenho como encargo a confecção de apostilas para módulos de cursos que dou para turmas inseridas no Programa “Jovem Aprendiz”. Ao consultar arquivos visando elaborar conteúdo da disciplina “Seleção de pessoal e desenvolvimento de equipes” deparei-me com a frase a seguir, atribuída a Henry Ford: “O problema é que cada vez que preciso de um par de mãos, vem um ser humano junto com elas”.

Referida frase quando lida isoladamente causa espanto, ao ser contextualizada no ambiente onde atuou o magnata americano e nos conceitos por ele defendidos enxergamos com nitidez que o enunciado espelha a lógica do pensamento econômico que defende: “O capital fica sempre acima das pessoas e sobre elas tem total domínio.”

Nos dias atuais e em cenários futuros percebemos que os níveis de automação e a inteligência artificial ratificam o texto e nos leva a fazer a indagação do título desta crônica. Sem dúvida os seres humanos são descartáveis, são contados apenas como consumidores e usuários.

Ao auto serviço em lojas de conveniências, farmácias e supermercados e os dispositivos eletrônicos nas portarias de prédios e entradas de elevadores são formas de descartes dos funcionários, pensar diferente é jogar o tema para debaixo do tapete.

Ao questionarmos o modelo que substitui as pessoas por máquinas ouvimos as mesmas respostas, todas alicerçadas nas entre linhas da frase inicialmente transcrita. Na parte escondida do texto descobrimos que para os defensores da metodologia as seres pensantes, que exigem respeito e dignidade, devem ser substituídos por ferramentas que não questionam, não exigem melhores salários e não fazem greve. O que assusta e vermos trabalhadores defendendo a evolução que os esmaga e descarta, em nome que modernidade. Quem questiona é tratado como antiquado e saudosista.


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