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Teresa Leitão e a história da traição

As campanhas eleitorais passadas não devem ser parâmetro absoluto para análises, táticas e estratégias. As condições e circunstâncias são distintas. Cada eleição tem suas particularidades e situações próprias, mas não tirar lições do passado é repetir erros, talvez fatais.

O ex-governador e ex-deputado federal Roberto Magalhães perdeu uma reeleição ganha para prefeito do Recife por um ato impensado cometido na reta final da campanha. E a literatura é pródiga em outros exemplos malsucedidos por desvios de condutas.

É o caso, agora, da candidata a senadora do PT pela Frente Popular, Teresa Leitão, que vestiu a carapuça como ventríloqua do PSB. Logo ela, outrora dura e veemente voz de oposição a todas as ações e mazelas do governo Paulo Câmara na Assembleia Legislativa.

Teresa saiu do banco de reservas imoral da comunicação do PSB para ser escalada para bater e atacar a candidata Marília Arraes (Solidariedade) a governadora – líder em todas as pesquisas de opinião pública – esquecendo que, há apenas dois anos atrás, jurava publicamente ser Marília “a liderança jovem mais competente do Estado”.

Mais grave: há menos de dois anos Teresa assistiu ao líder do PSB, João Campos, então candidato a prefeito do Recife, afirmar que seus companheiros do PT não cabiam na conta das mãos dele “de tão corruptos”. E ainda não cabem, vale registrar. João assegurou, também publicamente, que não nomearia nenhum petista na sua gestão para não se contaminar de corrupção. E, de fato, não nomeou. Quer distância dos “corruptos petistas”.

É essa a contradição que Teresa Leitão agora não tem como explicar à militância do PT. Como justificar seus ataques pessoais a Marília? Como convencer os petistas a não votarem em quem sempre esteve com Lula, e pedir votos para eleger quem comemorou a prisão do ex-presidente?

Sim, por que Danilo Cabral, candidato a governador apoiado por Teresa Leitão, não apenas votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Não apenas renunciou à função de secretário de Estado para reassumir seu mandato de deputado federal apenas para dizer “sim” ao que Teresa, na época, classificava como “golpe”. Danilo é protagonista de uma das cenas mais vergonhosas e deploráveis na pregação do voto pelo impeachment, ao vivo e a cores, como registram as imagens da sessão que consumou o golpe.

Fato igualmente irrefutável – queiram ou não queiram os juízes – é que enquanto Marília Arraes estava nas ruas, junto com Teresa Leitão, gritando e mobilizando a militância pela liberdade de Lula, onde estava Danilo Cabral?

Alguém tem alguma imagem ou depoimento do candidato do PSB denunciando a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Que a candidata Teresa Leitão queira, agora, ser marionete dos algozes de Lula e do PT, é um direito seu. Mas ela não pode exercer a desonestidade intelectual e política dos fatos e não ser cobrada pela a história. Para utilizar as palavras da própria ex-presidente Dilma Rousseff: “a história não perdoa a prática da traição”.

Arranjos eleitorais produzem esses resultados. O compromisso da formação da Frente Popular tem um objetivo claro, de perpetuação do poder pelo poder. Independentemente das contradições evidentes e indisfarçáveis, como a tentativa de uma falsa união com Lula.

É essa a diferença maior entre o nosso projeto, sob a liderança de Marília e do nosso candidato a senador, André de Paula. Nossa unidade foi construída sobre propósitos claros, transparentes. Não distorcemos os fatos nem a história de cada um de nós. O povo tem ciência de que nos unimos, os diferentes, para vencer as dificuldades e questões crônicas de Pernambuco que o atual governo não deu atenção.

Por isso meu presidente é Lula, 13. Minha governadora é Marília Arraes, 77. E meu senador é André de Paula, 555.

Teresa Leitão apoiar Danilo e Paulo Câmara é estranho, mas é da política. Agora, agredir Marília do modo como está fazendo compactua com o machismo, a misoginia e a redução do PT a um puxadinho do PSB, oportunista como sempre.

Julio Lossio – suplente de senador pelo AGIR 36


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