A decisão do Tribunal Regional Eleitoral foi assinada pelo desembargador eleitoral Rogério Fialho. O magistrado diz que não vislumbra, numa primeira vista, “transgressão à norma” porque não há, na inserção de Danilo, “nenhuma informação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica”. O que se observa, afirma ele, “é a divulgação de matérias amplamente veiculadas, uma delas confirmada pela própria Sra. Marília Arraes (o pedido de R$ 3,6 milhões)”. O magistrado ponderou no texto que não consta prova de que Marília não votou em Lira, fato amplamente divulgado por veículos de comunicação.
De outro modo, sobre a contestação a respeito das emendas do orçamento secreto cadastradas por Marília, o desembargador Rogério Fialho tomou como base a própria resposta da candidata ao Valor Econômico, justificando mas não contestando o cadastramento de emendas no valor total de R$ 3,6 milhões. Na nota de Marília enviada ao Valor Econômico, ela comenta que os recursos das emendas ainda não foram liberados e tenta explicar seu cadastramento de R$ 3,6 milhões. O desembargador Rogério Fialho ampara a negativa a qualquer direito de resposta a Marília e explica: “Se a representante afirma que o valor não havia sido ainda atendido, é porque no mínimo, foi solicitado, conforme divulgado na inserção impugnada”.
Para o advogado André Coutinho, um dos coordenadores da equipe de advogados da Frente Popular, a ação de Marília e da coligação que a sustenta tentava barrar o pleno exercício do direito à crítica – facultado a qualquer cidadão e tão necessário para a formação do voto de todo o eleitor. “É direito do candidato Danilo Cabral ter um pensamento crítico. As pessoas precisam distinguir a mera crítica ao homem público e a ofensa propriamente dita, o que não foi o caso. A crítica, mesmo aquela mais contundente, faz parte do debate eleitoral. É bom ver que a Justiça reconheceu este nosso direito”.
O que prevaleceu, frisa Coutinho, foi a verdade, noticiada em sites noticiosos, comprovados por meio de buscas simples no Google, até porque “não há como negar que a candidata Marília Arraes votou em aliado do presidente Jair Bolsonaro para Presidência da Câmara dos Deputados e que Marília se cadastrou para que os CNPjs indicados por ela recebessem R$ 3,6 milhões no orçamento secreto”.