Recentemente, Pernambuco acumulou mais um indicador ruim no mercado de trabalho. O estado encerrou o 1º quadrimestre com saldo negativo de quase 7 mil vagas formais de emprego, segundo o Caged. Enquanto o Brasil e o Nordeste geraram, respectivamente, 770 mil e 47 mil vagas formais, o desempenho do nosso estado foi o segundo pior da região. Já no ano passado tínhamos alcançado a triste marca de Estado campeão do desemprego no País. Mais do que um resultado conjuntural, esses números refletem condições estruturais da economia pernambucana que merecem uma reflexão. Temos uma taxa de investimento público estadual baixa, inclusive em termos regionais, com uma média anual de 3% da receita líquida.
Isso é resultante da incapacidade de gerar maiores excedentes com recursos próprios e de acessar novos recursos em função da classificação C no rating do Tesouro Nacional, até pouco tempo. Como resultante desse quadro, na infraestrutura apresentamos graves deficiências. Mais de 70% da malha rodoviária estadual possui algum tipo de problema com classificação regular, ruim ou péssima segundo a CNT. Obras estruturantes não saem do papel ou estão inconclusas, como o Arco Metropolitano, e a extensão da duplicação das BRs-232 e 104. Na infraestrutura hídrica, mais de 60 cidades e cerca de 2 milhões de habitantes anseiam a conclusão da Adutora do Agreste, inclusive impedindo que o polo de confecções possa gerar mais empregos.
É sintomático que quando se observa o volume de recursos em obras paralisadas ou inacabadas, segundo o TCE, 65% está associado às áreas de Saneamento Básico, Mobilidade Urbana e Transportes. Isso resulta em menor produtividade da mão-de-obra, que perde tempo em deslocamentos e amplia o número de ausências no trabalho por problemas de saúde. No ambiente tributário, a política do ICMS penaliza as micro e pequenas empresas, justamente as que geram mais empregos. Não é por acaso que no ranking nacional de ambiente de negócios do Banco Mundial Pernambuco ocupa a última posição. A combinação de baixo investimento público e um ambiente de negócios desfavorável afasta investimentos privados e prejudica setores muito intensivos em mão-de-obra. Esse quadro não será revertido se não promovermos mudanças estruturais com mais iniciativa e proatividade na geração de empregos. Por fim, a superação destes desafios nos indica a necessidade de ampliarmos os programas de qualificação e requalificação da mão-de- -obra. Somente na indústria são 250 mil trabalhadores até 2025, segundo a CNI. Assim Pernambuco poderá não apenas relançar a economia, mas oferecer à população novos e melhores postos de trabalho.
*Armando Monteiro Neto, ex-Senador e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior